Nessa sexta-feira (21), a grande imprensa noticiou que a Polícia Federal (PF) enviou um inquérito à Justiça Federal contra um homem que seria suspeito de “planejar atos terroristas”. O acusado, que não teve a identidade divulgada, está preso preventivamente desde outubro do ano passado e seria morador da cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.
“O indiciado, caso condenado pela Justiça, poderá responder a crimes que, se somadas e aplicadas as penas máximas, podem atingir mais de 20 anos”, afirma a Polícia Federal.
O homem é investigado por “promoção de terrorismo e racismo”. A PF relata ainda que o acusado mantinha “contato com extremistas no exterior”, inclusive, “manifestando interesse em se juntar a grupos terroristas”. O homem teria ainda realizado “pesquisas” sobre “execução de atentados” e fabricação de explosivos.
Conforme o portal G1, a investigação teve início a partir da identificação de um perfil nas redes sociais que publicava conteúdos promovendo grupos e líderes vinculados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico. “A apuração verificou ainda a existência de postagens com discurso de ódio”, diz o portal.
Durante cumprimento de ordem judicial na residência do suspeito, a Polícia Federal alega que foram encontradas facas, machadinhas, soqueiras, bastões, porretes, munição, colete balístico, material incendiário e gás de pimenta. A PF ainda alega que o homem teria consigo “materiais associados a grupos terroristas” e “conteúdos que pregam a supremacia da raça branca”. Estes últimos, além de contrastarem com a origem árabe dos “grupos terroristas”, também não aparecem na foto divulgada pela imprensa dos materiais apreendidos.
O caso reflete um padrão no Brasil, que vem se tornando cada vez mais perigoso. As instituições do Estado brasileiro, notadamente a Polícia Federal e o Poder Judiciário, que possuem relações estreitas com agências de inteligência estrangeiras, como os vazamentos da Operação Lava Jato revelaram, estão perseguindo brasileiros com o objetivo de tornar crime a defesa do povo palestino.
Essa operação acontece, por um lado, com a censura direta e escancarada a pessoas que denunciam o caráter criminoso do Estado de “Israel”. É o caso do jornalista Breno Altman, que já foi condenado em duas oportunidades por criticar “Israel”. É o caso também do Partido da Causa Operária (PCO), cujos militantes e dirigentes são alvo de inúmeros processos movidos pelos sionistas.
Por outro lado, a operação acontece por meio de uma farsesca e até grotesca “guerra contra o terrorismo” no Brasil. Grotesca porque o Brasil não tem registro de operações “terroristas” em sua história recente. A não ser, é claro, as praticadas pelo próprio Estado.
Ao mesmo tempo, os verdadeiros terroristas, os sionistas, que acabaram de romper com o acordo de cessar-fogo e mataram quase 500 pessoas em um único dia, passam impunes pelo Estado brasileiro. Em um dos casos mais vexatórios, um soldado israelense teve ajuda para fugir do País.
O caso mais marcante dessa “guerra contra o terrorismo” era, até o momento, o de Lucas Passos Lima. Ele, que foi preso em uma operação que o próprio governo de “Israel” admitiu que havia sido comandada pelos seus serviços de inteligência, acabou sendo condenado a 16 anos de prisão.
As acusações eram semelhantes à do morador de Porto Alegre. As “provas”, também. Lucas Passos viajou para o Líbano e fez pesquisas na Internet sobre locais judaicos!
Liberdade para Lucas Passos, preso político do Mossad no Brasil!
O novo caso, além de citar pesquisas na Internet como “prova” de algo criminoso, acusa abertamente o homem de ter materiais ligados a “organizações terroristas”, coisa que não foi dita sobre Lucas Passos.
Os materiais são objetos como camisetas de organizações como o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e a Jiade Islâmica, que estão lutando contra a barbárie sionista na Faixa de Gaza. Essas organizações não são consideradas terroristas nem pelo Brasil, nem pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A Polícia Federal também alega ter encontrado materiais da Al-Qaeda e do Estado Islâmico – estas, sim, organizações consideradas “terroristas” pela ONU. No entanto, ter materiais dessas organizações também não é crime no Brasil, pois o que a Lei condena – ainda que seja uma lei antidemocrática – são os atos considerados “terroristas”, e não o apoio a grupos.
De forma semelhante, a acusação contra Lucas Passos alegava que ele havia sido contratado para fazer operações “terroristas” pelo partido libanês Hesbolá. Ocorre que este nunca realizou operações deste tipo na sua história.
Por fim, chama muito a atenção que, na última semana, o deputado estadual Guto Zacarias (União Brasil-SP) tenha anunciado que iria denunciar ao Ministério Público o Partido da Causa Operária (PCO) por vender camisas idênticas às que aparecem na foto de divulgação da Polícia Federal. O deputado e a PF estariam juntos em uma provocação contra o Partido?