Horas após o governo de Donald Trump anunciar a revogação de seu visto norte-americano, o secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Julio Tabosa Sales, afirmou ser alvo de uma sanção injusta e defendeu o programa Mais Médicos.
A punição, anunciada pelo secretário de Estado Marco Rubio, mira exatamente o Mais Médicos, chamado de “fraude diplomática”. O programa foi lançado em 2013 pelo governo da presidenta Dilma Rousseff (PT) para atender áreas rurais e desfavorecidas preenchendo vagas no Sistema Único de Saúde por meio de um convênio com a Opas, o escritório para o continente americano da Organização Mundial da Saúde.
Além de Mozart, a sanção do governo Trump atingiu Alberto Kleiman, ex-sssessor de Relações Internacionais da pasta e ex-diretor de Relações Externas da Opas. Ambos tiveram importância na concepção do Mais Médicos.
“Nossa ação envia uma mensagem inequívoca de que os Estados Unidos promovem a responsabilização dos que apoiam o esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano”, alegou o Departamento de Estado.
Mozart Sales rechaçou as alegações em uma publicação nas redes sociais.
“Essa sanção injusta não tira minha certeza de que o Mais Médicos é um programa que defende a vida e representa a essência do SUS, o maior sistema público de saúde do mundo — universal, integral e gratuito”, escreveu.
O Mais Médicos, afirmou, é uma “iniciativa primordial” do governo para assegurar o atendimento de saúde a milhões de brasileiros de todas as regiões do País.
Segundo Sales, médicos cubanos já prestavam esse atendimento em outros 58 países “de diferentes orientações político-ideológicas” por meio de mecanismos de cooperação internacional.
“Graças a essa iniciativa, a presença de profissionais brasileiros, cubanos e de outras nacionalidades ofereceu atenção básica de saúde e mãos fraternas a quem mais precisava. Diminuiu incontáveis dores, sofrimentos e mortes.”
Marco Rubio alegou que Mozart, Kleiman e ex-funcionários da Opas não identifiados teriam facilitado “o estratagema” de Havana que “explora os trabalhadores de saúde cubanos por meio de trabalhos forçados”.
“Usaram a Opas como intermediária com a ditadura cubana para implementar o programa sem cumprir os requisitos constitucionais brasileiros, contornando as sanções dos Estados Unidos contra Cuba”, vocifeorou o secretário de Trump, que os acusou de pagar “conscientemente” a Havana “o que era devido aos trabalhadores médicos cubanos”.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), também reagiu nas redes sociais:”O Mais Médicos (…) sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja. O programa salva vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira”.
O Mais Médicos foi retomado em 2023 pelo presidente Lula (PT), com o compromisso de priorizar médicos brasileiros, após uma forte redução durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).