Donald Trump, presidente eleito dos EUA. Foto: /Sarah Meyssonnier/Pool

A proposta de Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, de considerar uma ação militar para anexar a Groenlândia provocou reações contundentes na Europa. Nesta quarta-feira (8), o ministro de Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, declarou que o continente europeu não permitirá “ataques a suas fronteiras soberanas”.

O posicionamento veio um dia após Trump levantar a hipótese de coerção econômica ou militar para controlar o território autônomo da Dinamarca.

O chanceler francês foi direto: “Somos um continente forte, precisamos nos fortalecer ainda mais”. Já em Berlim, o porta-voz do governo alemão classificou a ideia como contrária aos princípios do direito internacional, declaração reiterada pelo primeiro-ministro Olaf Scholz. “Há uma falta de compreensão em relação às recentes declarações americanas”, disse Scholz, sem mencionar Trump diretamente.

Trump argumenta que a Groenlândia é “vital para a segurança econômica” dos EUA, mencionando também o derretimento do gelo no Ártico, que abre novas rotas comerciais e militares.

O interesse estadunidense pelo território, rico em terras raras e lítio, não é novo: em 2019, Trump já havia sugerido comprar a ilha, ideia na época chamada de “absurda” pela premiê dinamarquesa Mette Frederiksen.

Desta vez, Frederiksen adotou um tom diplomático. “Precisamos de cooperação muito próxima com os americanos, mas a ilha pertence aos seus habitantes. Só a Groenlândia pode determinar o futuro da Groenlândia”.

O primeiro-ministro do território, Múte Egede, reafirmou as ambições autônomas da região, que depende economicamente de Copenhague, mas mantém aspirações separatistas.

A movimentação de Trump ocorre em um cenário de desafios geopolíticos complexos. Na mesma terça-feira (7), ele exigiu que países da Otan aumentassem seus gastos militares para 5% do PIB, ameaça vista como chantagem pelos aliados europeus. Além disso, o presidente eleito prometeu tarifar produtos importados da Europa, com foco na Alemanha, aumentando as tensões comerciais.

A remota vila de Ittoqqortoormiit, no leste da Groenlândia. Foto: Olivier Morin/AFP

Outro fator de preocupação é o bilionário Elon Musk, aliado de Trump e recém-confirmado em seu futuro governo. Musk tem gerado controvérsias ao apoiar abertamente partidos de extrema direita na Europa, particularmente nas eleições alemãs, previstas para fevereiro.

O chanceler francês Barrot afirmou que a União Europeia está preparada para restringir ou suspender o funcionamento do X, antigo Twitter, caso a rede seja usada para desinformação ou interferência eleitoral.

Enquanto isso, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, criticou a proposta de anexação como “impraticável”. Ele encerra sua gestão com Joe Biden em Paris, onde reforçou o compromisso dos EUA com as normas internacionais. “A ideia [de anexação] não é boa e obviamente não vai acontecer”, disse Blinken.

A Groenlândia, maior ilha do mundo, é território estratégico desde a Segunda Guerra Mundial, com bases militares estadunidenses instaladas.

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Last Update: 08/01/2025