Na década de 1920, o Partido Comunista da Palestina foi fundado e crescia rapidamente como uma força política. Foi fundado por imigrantes europeus que cresceram com o apoio do imperialismo britânico. Em 1926, uma Conferência Nacional do Partido abordou questões relevantes do momento, mostrando como a esquerda atuava na Palestina contra o sionismo. Anos mais tarde, o partido perdeu sua política combativa devido à repressão dos ingleses e expurgos stalinistas.
O texto escrito em outubro de 1926 começa: “há pouco tempo foi realizada a 6ª Conferência do Partido do P.C. da Palestina, na qual 27 delegados estiveram presentes, sendo a maioria deles trabalhadores árabes e judeus. Conforme o relatório do Comitê Central, o Partido aumentou consideravelmente em número e influência ao longo dos últimos dois anos. Mesmo nas províncias, o Partido ganhou acesso a várias camadas da população trabalhadora, que anteriormente eram apáticas ou estavam sob a liderança de partidos da pequena burguesia”.
Ou seja, o PCP possuía um trabalho entre a população nativa palestina. Ele ainda cita que “o Partido criou um movimento comunista no país vizinho, a Síria, e ainda está engajado em promover seu desenvolvimento”. É algo natural para um partido combativo, naquele momento a divisão entre os países árabes era ainda menor do que existia hoje, as fronteiras haviam sido traçadas pelo imperialismo há pouco tempo.
Um tópico muito importante da discussão foi o movimento sindical, que possuía muita influência do sionismo. “A questão das tarefas do Partido no movimento sindical provocou uma discussão animada. Enquanto os líderes da organização sindical “Histadrut” [central sindical sionista] continuam com sua política de exclusão e boicote aos comunistas, desenvolveu-se entre a classe trabalhadora um movimento de unidade que luta pela readmissão da seção da R.I.L.U. [outra organização sindical] na Palestina na “Histadrut” e pela organização dos trabalhadores árabes. Ao mesmo tempo, estão surgindo vários agrupamentos de oposição, embora centristas, que estão adotando várias demandas da R.I.L.U., mas que, nas demandas fundamentais — luta contra o imperialismo e o sionismo — hesitam em adotar slogans revolucionários.”
Ou seja, uma grande discussão no movimento sindical era justamente o rompimento com o fascismo, ou seja, com o imperialismo que controlava a Palestina. O próprio PCP havia surgido como um racha da ala esquerda dos sionista que rompeu e aderiu de fato a política revolucionária.
A resolução mais importante foi sobre a luta pela terra: “a Conferência adotou quase unanimemente as resoluções sobre a questão camponesa (criação de organizações camponesas, conexão entre aldeia e cidade), sobre o papel da população trabalhadora judia no país — que, devido à decepção com as ilusões do sionismo e ao aumento da pressão imperialista, está gradualmente se convertendo em um fator anti-imperialista”.
O PCP então colocou a necessidade de travar a luta tanto no campo, com a ampla maioria da população palestina, quanto nas cidades com os trabalhadores imigrantes que, em sua condição de operários, poderiam romper com o sionismo. Isso obviamente levou a fúria dos ingleses que lançaram uma enorme campanha de repressão contra o PCP.
Com a tomada do Internacional Comunista pelo stalinismo, o PCP foi um dos partidos que sofreu uma intervenção direta. Os seus tradicionais dirigentes que havia fundado o partido e travado uma grande luta por quase uma década para ele crescer foram expurgados da direção. Ela foi substituída por um grupo que estava sob o controle direto da URSS dirigida pelo stalinismo. O movimento comunista na Palestina voltaria a ser muito importante apenas da década de 1960, agora baseado na população de palestinos, a grande organização foi fundada em 1967, a FPLP