Matéria sobre a entrevista de Lenio Streck no Brasil 247, sob o título “Nenhuma democracia sobrevive se não pune quem tentou matá-la”, publicada no dia 29 de abril, é mais um tijolo que a esquerda coloca no muro da ditadura que se ergue no País.
A frase “Nenhuma democracia sobrevive se não pune quem tentou matá-la”, se fosse levada a sério, deveria pedir a punição dos golpistas de 2016. Mas o golpistas de outro dia se tornaram, para uma esquerda desavisada, os paladinos da liberdade e do Estado Democrático de Direito.
No momento, presenciamos uma grande farsa, de que existe, liderado pelo STF, um combate ao golpismo, uma vez que o próprio Supremo é uma instituição golpista. Essa corte permitiu que Lula fosse julgado em Curitiba por Sergio Moro, apesar de que a praça correta seria São Paulo. José Dirceu foi condenado com a ministra Rosa Weber confessando que não tinha provas. São inúmeros os exemplos demonstram que o Supremo Tribunal Federal defende qualquer coisa, menos a democracia.
Segundo a matéria, “o jurista Lenio Streck manifestou preocupação com uma possível articulação política e jurídica para reduzir as penas impostas aos condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. (…) a proposta de revisão das punições representa um retrocesso histórico e ameaça a consolidação da democracia no país”. De que democracia o advogado está falando?
Neste país se assistiu aos julgamentos do Mensalão e Lava jato. Quase metade da população carcerária sequer foi condenada, as polícias matam a torto e a direito, pessoas estão sendo investigadas por terrorismo por apoiarem os palestinos em sua luta contra as forças de ocupação sionistas. A única coisa que está se consolidando no Brasil é uma ditadura.
Diante do acordo de redução de penas para os manifestantes do 8 de janeiro que está sendo procurado entre Congresso e Senado, Streck afirma que “o Brasil inexoravelmente sempre caminha para esse tipo de negociação. Nós não conseguimos nos livrar do passado, e o nosso passado é conciliador”. O advogado teria destacado ainda que “a tentativa de golpe foi o episódio mais grave desde o AI-5, instituído em 1968. ‘Esse é o processo mais grave e o episódio político mais relevante dos últimos 60 ou 70 anos. E não pode ficar impune, porque eles darão outro golpe’”.
O espantalho
Houve outro episódio político mais grave, sim, foi o golpe de 2016, que retirou do cargo Dilma Rousseff. Esse golpe teve prejuízos incalculáveis para o Brasil e a classe trabalhadora.
Michel Temer, o golpista que assumiu o cargo, liquidou praticamente com a Petrobrás e nossa soberania sobre o petróleo. Destruiu direitos trabalhistas, previdenciários, e jogou milhões de pessoas no desemprego, fome e miséria.
Temer não fez isso sozinho, estava a mando do imperialismo, dos “democratas” como Barack Obama e Joe Biden. Teve apoio crucial do STF.
Em 2016 não se tratou só de uma tentativa de golpe, foi um golpe real. Em 2018, o comando do Exército, pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, pediu a prisão de Lula e o Supremo acatou.
O curioso é praticamente nenhum setor da esquerda pede a punição dos golpistas, dos golpistas de verdade, mas fazem uma grande gritaria, dizem que a democracia (sic) está em perigo e que é preciso punir os “golpistas” da Praça dos Três Poderes. No entanto, isso tem um motivo: fazendo assim, essa esquerda desvia a atenção para o fato de que anda de mãos dadas com aqueles que golpearam Dilma Rousseff.
Lenio Streck fala do AI-5, de 1968, para não ter que falar de um fato muito mais recente que retirou do poder uma presidenta eleita democraticamente.
O crime de se manifestar
Segundo a matéria, Streck também criticou a “tentativa de transformar os envolvidos nos atos golpistas em vítimas. Citou o caso da mulher conhecida como ‘a golpista do batom’ e alertou para o uso das manchetes e da linguagem performática na criação de narrativas públicas que buscam atenuar a gravidade das ações”.
A única linguagem performática é dessa esquerda histérica que fica chamando uma manifestação de tentativa de golpe, “abolição violenta do estado de direito” etc. Não é preciso nenhuma “narrativa” para a atenuar o caso de Débora Rodrigues dos Santos, ela passou batom em uma estátua que levou menos de cinco minutos para limparem. Não estava armada. Existem dezenas de imagens que comprovam.
Streck deveria questionar o porquê dessa senhora, mesmo tendo filhos menores, cumprir dois anos de prisão antes mesmo de ter sido condenada. E, parafraseando o próprio advogado, se o Supremo faz isso, por que o resto dos tribunais não fariam? Qualquer mulher, mãe de filhos menores, a partir de agora, pode ser presa. Onde está a defesa do estado democrático de direito?
O advogado jogou a frase de efeito “Nenhuma democracia sobrevive se não pune exemplarmente quem tentou acabar com ela” e muita gente vai cair na conversa. O Brasil não é uma democracia. Os golpistas que estão condenando os manifestantes do 8 janeiro é que deveriam estar no banco dos réus do tribunal da defesa da democracia.
No último parágrafo, o texto diz que “o jurista reiterou o perigo da omissão diante do crime mais grave possível em uma democracia”. Sendo assim, qual o nome que descreve a maneira como tratam os golpistas de 2016? Omissão ainda é pouco, pois se está tentando vender a mentira de que se trata de defensores dos direitos, da democracia. Quem se une aos golpistas não defende a democracia, mas a instauração de um regime ditatorial e perda de direitos.