O encaminhamento da denúncia da Procuradoria-Geral da União ao Supremo Tribunal Federal (STF) em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é acusado de liderar uma organização criminosa que tramou um golpe de Estado em 2022 ganhou as redes sociais e imprensa internacional desde a madrugada da última terça-feira (19).
Aliados, opositores, imprensa internacional e, claro, os internautas publicaram diversas manifestações sobre o assunto, com diferentes visões que passam da tentativa de descredibilização da denúncia até o resgate de memes.
A defesa do ex-presidente informou que recebeu a denúncia com estarrecimento e indignação, pois Bolsonaro “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam” [leia a nota na íntegra no fim da matéria].
Clã
Terceiro filho do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é um dos aliados mais presentes nas redes sociais, na tentativa de criar narrativas para defender o pai e comprometer a imagem do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e do ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do caso.
Entre as publicações estão a notícia de que Moraes é alvo de uma ação conjunta de empresa do presidente norte-americano Donald Trump, o compartilhamento de uma entrevista em que Jair Bolsonaro afirma não ter tido acesso à denúncia e que está tranquilo sobre as acusações, e um post motivacional, alegando que “os que conhecem a verdade estarão juntos”.
Já o vereador do Rio de Janeiro e também filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro (PL-RJ), chamou a PGR de boçal.
O senador Flavio Bolsonaro disse, em entrevista à CNN, que a denúncia contra o pai é “fantasiosa“.
Aliados
Para Carla Zambelli, deputada federal de São Paulo (PL), a denúncia contra Bolsonaro é “a cereja do bolo em meio a uma série de violações à Constituição que têm tomado conta do país, evidenciando a perseguição desenfreada contra opositores”. Ela está convocando uma manifestação para tirar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do poder.
Nikolas Ferreira (PL-MG), deputado federal, questiona se a PGR vai concorrer ao Oscar, pela criatividade de um roteiro patético.
Também convocando os patriotas para as ruas, Gustavo Gayer (PL-GO) afirmou que os bolsonaristas devem resgatar o país “dessa ditadura”, pois “querem prender o maior líder político que o Brasil já viu simplesmente porque não conseguem destruí-lo na arena pública”.
Financiador dos atos bolsonaristas, o pastor Silas Malafaia optou pelo silêncio. Até o fechamento desta matéria, ele não se pronunciou nas redes sociais.
O mesmo fez Valdemar Costa Neto, presidente do PL, que apesar de não ter sido denunciado pela PGR, não pode entrar em contato com Jair Bolsonaro e, nos bastidores, informou que espera a revogação das medidas cautelares que o impedem de se comunicar com o ex-presidente.
Mídia internacional
A denúncia contra Jair Bolsonaro ganhou destaque também na imprensa internacional. O The Guardian chama a atenção para o fato de que o ex-presidente negou ter violado a lei, enquanto o procurador-geral alega que o complô incluía um plano para envenenar Lula.
O The New York Times destacou que o país acusa Bolsonaro de planejar um golpe após derrota eleitoral em 2022 e também que a “Trump Media Group processa juiz brasileiro que avalia prisão de Jair Bolsonaro”.
Ministério da Defesa
Nesta quarta-feira (19), o Ministério da Defesa divulgou uma nota em que informa que a denúncia da PGR é importante para distinguir as condutas individuais e a das Forças Armadas, a fim de buscar a responsabilização correta, livrando as instituições militares de suspeições equivocadas.
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Defesa de Jair Bolsonaro
A defesa do Presidente Jair Bolsonaro recebe com estarrecimento e indignação a denúncia da Procuradoria-Geral da República, divulgada hoje pela mídia, por uma suposta participação num alegado golpe de Estado.
O Presidente jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam.
A despeito dos quase dois anos de investigações — período em que foi alvo de exaustivas diligências investigatórias, amplamente suportadas por medidas cautelares de cunho invasivo, contemplando, inclusive, a custódia preventiva de apoiadores próximos —, nenhum elemento que conectasse minimamente o Presidente à narrativa construída na denúncia, foi encontrado.
Não há qualquer mensagem do Presidente da República que embase a acusação, apesar de uma verdadeira devassa que foi feita em seus telefones pessoais.
A inepta denúncia chega ao cúmulo de lhe atribuir participação em planos contraditórios entre si e baseada numa única delação premiada, diversas vezes alteradas, por um delator que questiona a sua própria voluntariedade. Não por acaso ele mudou sua versão por inúmeras vezes para construir uma narrativa fantasiosa.
O Presidente Jair Bolsonaro confia na Justiça e, portanto, acredita que essa denúncia não prevalecerá por sua precariedade, incoerência e ausência de fatos verídicos que a sustentem perante o Judiciário.
*Defesa do Presidente Jair Bolsonaro*
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