A Zona Franca de Manaus como base da Nova Indústria Brasileira
por Eduardo Silva
Silenciosamente a nova política industrial vai criando suas realizações. Em paralelo a isso, a Zona Franca de Manaus (ZFM) cresce com um PIB industrial relevante. Foi aprovado um programa para alavancar investimento em semicondutores, coincidindo com o período até quando teremos a ZFM. Há um conjunto amplo de boas notícias, muito diferente de poucos anos atrás, quando o Brasil parecia querer acabar com sua indústria.
Todavia, quando se analisa o Plano Safra, onde serão investidos R$ 76 bilhões, com 43,3% a mais do que anunciado na safra 2022/2023 e 6,2% maior do que o da safra passada. Ao ver este tipo de investimento percebemos o quanto as indústrias ainda estão distantes de ter a importância semelhante ao que há destinado para a agricultura.
A mudança de tom é visível, mas há muito o que avançar na indústria nacional, em especial ao apoiar e ampliar o que já existe. Precisamos parar de ter dúvidas se indústrias são importantes. Os recursos injetados em um Programa para inserir Mestres e Doutores na indústria, alocará R$ 61 milhões para projetos. É melhor do que antes, mas como é pouco para o tamanho do país e para a carência da indústria nacional.
Como parâmetro, apenas em um convênio com a Alemanha, o Brasil recebeu R$ 136 milhões para projetos de descarbonização da indústria nacional. Há uma diversidade de oportunidades, mas as prioridades de infraestrutura e pessoas parecem não ser as prioridades. As deficiências estruturais aparentam ser as fraquezas não enfrentadas pelo país de muitas lacunas.
O desenvolvimento industrial regionalizado, em estudo atualmente, poderá ser uma medida importante se considerar as fortalezas que já existem e potencializar as estruturas produtivas que funcionam, como é o caso da indústria baseada em Manaus. Com frequência há estudos que, por exemplo, falam em novas matrizes ou oportunidades industriais, deixando de potencializar o que já existe.
O que falta para produzirmos drones em Manaus? Estas indústrias deveriam estar em construção e operação. Vê-se empresas de drones voltadas para o agronegócio e o início para setores de infraestrutura e minérios, mas falta uma base mais forte da indústria de defesa a um amplo espectro de aplicações que ainda são feitas por equipamentos importados.
Quando entraremos no negócio de veículos autônomos em escala? Como ampliar o que Lume Robotics vem fazendo no país em uma gama muito maior de veículos? O que falta para isso? Precisamos construir aqui a indústria do presente-futuro, ao invés de só olhar para o passado-presente. Há de se operacionalizar as indústrias do século XXI. A potencialização da indústria brasileira é uma necessidade fundamental e isso se fará muito mais rapidamente se ampliarmos o que já temos.
Eduardo Silva – Professor da UFAM.
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