O Brasil já retomou o caminho do crescimento e não é preciso formação em Economia para chegar a essa conclusão. Números recentes são suficientes para demonstrar que o governo Lula está conseguindo estabilizar o País pelo prisma da responsabilidade fiscal combinada com a responsabilidade social, apesar do freio de mão puxado por uma política de juros assumidamente contracionista. Apenas alguns exemplos: 1 milhão de novas vagas de emprego apenas nos primeiros cinco meses de 2024. Recorde histórico no total de pessoas empregadas pelo segundo mês consecutivo, chegando a 101,3 milhões de trabalhadores, 23,1% deles com ensino superior. Desemprego em queda desde o início do governo, fechando o semestre em 6,8%, nível mais baixo em dez anos.

Aumento da renda do trabalho em 11,7% em 2023, em relação a 2022. Reajustes salariais reais (acima da inflação) somaram 87% das negociações entre categorias e empregadores. Inflação sob controle, fechando em 0,39% em junho, abaixo das expectativas do mercado financeiro e dentro da meta. Arrecadação federal em alta, com aumento recorde de 10,46% em maio, resultado de medidas fundamentais para a economia aprovadas pelo Congresso em 2023. Crescimento do PIB superando expectativas: resultados de 2,9% em 2023 e de 0,8% no primeiro trimestre de 2024 levaram o Banco Central a rever de 1,9% para 2,3% a projeção de crescimento em 2024, aproximando-se da previsão do governo federal, de 2,5%.

Abertura de 1,43 milhão de pequenos negócios até abril deste ano, 9,1% a mais que em 2023. Recuperação do índice de confiança do consumidor, que volta a 91,1 pontos em junho. Queda de 1,2% no número de inadimplentes de março para maio deste ano. Recorde da utilização da capacidade instalada da indústria, que atingiu o maior nível em dez anos. Venda de 1 milhão de veículos até a primeira quinzena de junho, maior marca dos últimos cinco anos. O setor já anunciou 130 bilhões de reais em investimentos.

Não se pode dizer que sejam dados aleatórios, mas complementares, todos de fontes oficiais e componentes de uma mesma trajetória positiva da economia. O resultado de uma ação governamental deve ser bom não apenas “para inglês ver”, mas principalmente para o bolso do cidadão. Afinal, o que almeja um país que busca o bem-estar da população senão a dignidade de suas famílias? De que adianta um país estar em plena rota de crescimento sem que a riqueza seja compartilhada por todos? É disso que estamos falando.

Não há nenhum motivo racional para que se desconfie da seriedade do governo federal com as contas públicas. Em todos os seus mandatos, o presidente Lula demonstrou seu compromisso com a estabilidade fiscal, inclusive na atual gestão, queira ou não o crítico mais ácido.

Fui testemunha disso no primeiro mandato, com participação direta. Na condição de ministro do Trabalho de Lula, defendi com convicção o aumento real do salário mínimo (acima da inflação) já no ano da posse, 2003. Ainda não havia uma lei de valorização permanente como a de hoje.

Ciente de que mudanças não acontecem da noite para o dia, agiu com cautela e o reajuste foi menor do que o solicitado. No ano seguinte, repetiu-se o processo: levei a proposta de reajuste real, mas as condições macroeconômicas impediram a sua aprovação.

Apenas no terceiro ano do mandato é que conseguimos uma valorização mais robusta do salário mínimo, e pouco depois adotamos uma política permanente para garantir que a riqueza do País fosse distribuída para a base da pirâmide, para quem mais precisa. Essa política, aliás, sempre foi prioritária para a professora Maria da Conceição Tavares, que nos deixou recentemente e com quem tive a honra de conviver e aprender. Resultado: a valorização do mínimo nos dois primeiros mandatos do presidente Lula chegou a 57%, descontada a inflação do período.

Agora, a história se repete, mas com um diferencial: sabemos que o aumento real funciona, distribui renda, reduz a desigualdade e, acima de tudo, confere dignidade às famílias brasileiras, que pouco a pouco vão galgando degraus na pirâmide por meio da renda do trabalho, até que a pobreza extrema e a insegurança alimentar sejam eliminadas do País.

Muitos consideram essa meta uma grande ilusão, pois implica reduzir ganhos dos que ocupam o topo da pirâmide, mas me recuso a desistir pelo comodismo. Prefiro o otimismo de considerar plenamente possível. Basta que todos se unam em torno do mesmo propósito de justiça social, justiça tributária e justiça econômica. Sabemos que o caminho não é simples nem fácil, mas a dificuldade só aumenta a nossa vontade de melhorar a vida de quem mais precisa. •

Publicado na edição n° 1318 de CartaCapital, em 10 de julho de 2024.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “A verdade em números”

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Last Update: 04/07/2024