São mais de 100 denúncias e pedidos de impeachment contra o presidente da Argentina, Javier Milei, que vive o epicentro de uma grave crise política, ao se envolver com um golpe das criptomoedas.

O presidente argentino recomendou em suas redes sociais a população a investir na criptomoeda $LIBRA, na última sexta-feira (14), três minutos após ela ter sido lançada. A medida de Milei foi suficiente para alavancar o valor da criptomoeda a US$ 4.978. Mas, em menos de uma hora, o valor caiu abruptamente em 85%, chegando a US$ 0,991, após um grupo de investidores originais retirar mais de US$ 85 milhões do fundo.

O movimento foi considerado um verdadeiro golpe comercial, com o presidente da Argentina envolvido diretamente na mobilização da população para investir e, em seguida, perder estes recursos. O episódio foi visto internacionalmente como um dos maiores “rug-pulls” [puxada de tapete] da história das criptomoedas, com o sumiço de bilhões em valores de mercado e perdas substanciais dos investidores. Na própria sexta, cinco horas depois, Milei apagou a publicação, informando que o presidente “não tinha conhecimento dos detalhes do projeto”.

Mas o caso não parou por aí. No final de semana, um representante do mundo das criptomoedas, Charles Hoskinson, confirmou que pessoas próximas do governo Milei pediram a ele propina para organizar um encontro com o líder argentino.

Também no final de semana veio a confirmação do fundador da empresa responsável pela criptomoeda $LIBRA, Hayden Mark Davis, de que o próprio Javier Milei “apoiou e promoveu ativamente” o seu projeto.

Do lado oficial, o governo argentino somente nega e não consegue explicar as denúncias e confirmações que vão crescendo a cada hora. A primeira fala pública de Milei sobre o escândalo será dada às 20h desta segunda-feira (17).

No sábado à noite, o Gabinete de Milei admitiu que, em outubro, o mandatário teve um encontro com representantes do projeto chamado “Viva la Libertad”, que criou a criptomoeda. Outro encontro também consta nos registros oficiais da Casa Rosada, no final de janeiro deste ano, entre Milei e Hayden Mark Davis, o fundador da empresa responsável, a Kelsier.

Contraditoriamente, a Casa Rosada afirmou, em comunicado, que Milei “não fez parte do desenvolvimento da criptomoeda em nenhuma fase”, apesar dos encontros e do apoio dado por ele aos representantes e, no dia do lançamento, publicamente nas redes sociais incentivando a população a investir.

Mas o fundador da Kelsier confirmou as tratativas diretas da empresa junto ao governo argentino, dizendo ser ainda “um conselheiro” de Milei.

“Javier Milei inicialmente apoiou e promoveu ativamente o Libra Token em plataformas de mídia social, incluindo X e Instagram. Seus associados garantiram seu apoio público no lançamento e me garantiram que seu apoio contínuo foi assegurado durante todo o processo”, manifestou o empresário Davis, em nota pública.

“Apesar dos compromissos anteriores, Milei e sua equipe mudaram inesperadamente sua posição, retirando seu apoio e excluindo todas as suas postagens anteriores de apoio nas redes sociais. Esta decisão abrupta foi tomada sem aviso e contradiz garantias anteriores”, continuou.

Para aumentar ainda mais as acusações contra o presidente argentino, veio a manifestação de Charles Hoskinson, uma das figuras mais proeminentes do mundo das criptomoedas e que trabalhou para o governo dos Estados Unidos.

Hoskinson afirmou que tentou e queria se encontrar com Javier Milei, mas que interlocutores do governo argentino pediram propina em troca deste encontro.

“Ele está delirando”, teria dito um aliado de Milei, sobre as acusações do representante de criptomoeda, ao jornal argentino Pagina12.

Ainda na noite deste domingo (16), mais de uma centena de pedidos de impeachment foram protocolados contra o líder argentino. Os autores não são somente políticos de oposição, mas pessoas que investiram na criptomoeda divulgada por Milei e perderam os seus recursos.

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Last Update: 17/02/2025