Em 10 de janeiro de 2025, Nicolás Maduro Moros tomou posse como o presidente constitucional da Venezuela, renovando seu governo até 2031. Sem unidade, a oposição possui setores que aceitaram os resultados do pleito eleitoral, enquanto outros alegam fraude, qualificando o governo como ditadura. Internacionalmente, este quadro se repete. Há governos que reconhecem Maduro como presidente e outros que não. Por ser a maior reserva de petróleo do mundo e levar a cabo um processo político revolucionário há 26 anos, a Venezuela divide opiniões e é peça importantíssima no xadrez da geopolítica global.

A política internacional, em geral, e da América Latina em particular, experimenta uma realidade de polarização muito forte entre as forças de esquerda e de extrema direita. Além da Venezuela, este é o caso de países como Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Panamá e Equador, por exemplo. Nestes lugares, ou a extrema direita encabeça o governo atual, ou consegue liderar a oposição ao governo progressista de turno obtendo ao menos 40% das intenções de voto.

Em linhas gerais, essa polarização é resultado do aumento constante da desigualdade social na esmagadora maioria dos países de todos os continentes, combinada com uma poderosa guerra cognitiva promovida por lideranças da extrema direita articuladas com as Big Techs. Elon Musk, Mark Zuckerberg, Tim Cook, Bill Gates, Larry Page, Sergey Brin utilizam suas empresas (como o Facebook, Instagram, Whatsapp, X, Alphabet, Apple, Microsoft, Amazon) para as converterem em ferramentas que lucram com o controle de nossas emoções e de nossa forma de pensar o mundo. Soma-se a este clube da extrema direita, as outras empresas transnacionais, como Bunge, Cargill, Bayer, Boeing e companhia. Todas se beneficiam deste sistema de reprodução da desigualdade e da desintegração social.

É na esteira desta polarização, combinada com a eleição de Donald Trump, que a extrema direita venezuelana busca seu lugar ao sol. Difundindo mentiras e terror no país, desestabilizando o governo Maduro e prestando contas aos seus chefes do Norte. Afinal, esta agenda de ataque permanente, de máxima pressão contra os governos de Chávez e de Nicolás Maduro, tem sido a estratégia perseguida pelo setor extremista da oposição do país, subordinado a Washington.

Assim como Leopoldo López, Henrique Capriles e Juan Guaidó, a dupla Maria Corina e Edmundo González contam com o apoio dos Estados Unidos, dos grandes meios de comunicação ocidentais e das redes sociais para promover uma campanha de difamação e desestabilização desde a eleição de Chávez em 1998.

Nestes últimos 26 anos, todas essas figuras defenderam o bloqueio econômico e diplomática, as guarimbas, as ameaças de intervenção militar e a perseguição física e política de chavistas. Logo após a confirmação da vitória de Maduro pelo Conselho Nacional Eleitoral, este setor fascista da oposição ativou os comanditos – mercenários pagos para perseguir e assassinar militantes chavistas –, ensaiou falsos sequestros (como o recente suposto desaparecimento de Maria Corina, que minutos depois ela mesma foi a público desmentir o corrido) e deu início a uma gira pela Europa, Estados Unidos e América Latina para angariar apoio dos governos destes países, para que reconheçam à Edmundo Gonzalez como o presidente eleito e Maduro como ditador.

Porém, mais uma vez, esse setor golpista está fracassando e caminha para a desidratação. Primeiro, porque perdeu as eleições e, quando convoca mobilizações nas ruas contra o chavismo, o resultado sempre tem sido muito minguado. Segundo, porque o chavismo tem estado permanentemente mobilizado nas ruas e em grande quantidade, antes, durante e depois das eleições. Terceiro, dos quase 200 países do mundo, mais de 120 já reconheceram a Maduro como presidente e o bloco dos que não reconhecem é liderado pelos mesmos países que embarcaram na farsa do passado, do autoproclamado Juan Guaidó.

É de olho nesta conjuntura internacional polarizada, de ascenso do fascismo e de sua coordenação global, que o governo venezuelano e seu presidente têm apostado firmemente em uma articulação internacional antifascista, fazendo da Venezuela o país que convoca as organizações populares, intelectuais e ativistas de todo o mundo – que lutem por um mundo de paz, justiça e trabalho – para construir a unidade na luta anti-imperialista e por soberania. Criar e fortalecer frentes nacionais anti-fascistas, esta tem sido a resposta internacional do chavismo a este mundo violento, egoísta e desigual em que vivemos.

Além disso, internamente, o governo Maduro tem dado amplo respaldo ao aprofundamento e ampliação das comunas. E isto é a chave de toda a mobilização e apoio popular que sustenta o avanço da Revolução Bolivariana. As comunas são a forma organizativa do socialismo territorial, da construção do poder popular desde a base da sociedade venezuelana. E é exatamente isso que você nada – ou quase nada – vai ouvir falar nos meios de comunicação, nas redes socias ou de um militante de direita. O chavismo tem povo organizado e mobilizado, enquanto a oposição não tem projeto de país, nem unidade e nem povo.

Mais do que a maior reserva de petróleo, a Venezuela figura entre as maiores reservas de ouro e biodiversidade do mundo e tem posição geográfica privilegiada, igualmente, representa um novo paradigma de relações humanas e de poder no século XXI. As comunas são a célula da construção do socialismo no país, encarnando a organização popular para trabalhar e produzir, enfrentando e tomando da burocracia estatal e da classe dominante o poder político para definir e construir seu próprio destino.

A qualidade da organização popular, do acúmulo de forças pela esquerda anti-imperialista e da aliança entre o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), o governo Maduro, as Forças Armadas e as policiais, as Comunas, as milícias e a militância chavista importa e muito. São esses setores sociais que, na marra, sustentam e defendem a soberania e autodeterminação do povo venezuelano. Quem não defende todo esse projeto e se diz de esquerda ou está dormindo, ou é ingênuo, ou é covarde, ou é mal-informado. Comuna ou nada, soberania ou nada, socialismo ou nada, esquerda ou nada. E ainda há quem esteja pedindo atas eleitorais no meio dessa história toda.

Há muitas contradições neste processo, isto é certo. As sanções dificultam a vida do povo e abrem caminho para a corrupção e desestabilização. Por um lado, os salários e, por outro, a burocracia estatal – que em determinados momentos emperram o avanço do socialismo comunal –, são desafios reais.

Com inimigos e aliados mundiais poderosos e com uma forte estratégia de fortalecimento do poder popular e do socialismo, o governo Maduro segue com a responsabilidade de sustentar um processo político que faz da Venezuela o epicentro da luta de classes em toda América Latina.

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Last Update: 17/01/2025