À revelia dos trabalhadores bancários e de toda a população, os bancos estão implementando uma “reforma” bancária já há um bom tempo no Brasil — melhor dizendo, desde o governo neoliberal de FHC (PSDB), na década de 1990.
Nesse sentido, o Bradesco fechou, somente nos últimos 12 meses, 399 agências e 734 postos de atendimento em todo o país. O Santander fechou 96 agências. O banco Itaú/Unibanco, no ano de 2024, fechou 219 agências físicas. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal encerraram suas atividades em 856 e 128 agências, respectivamente, no mesmo período. Enquanto isso, o número de correntistas, em todo o sistema bancário, aumentou exponencialmente — e vem aumentando a cada dia.
Dados mostram que, nos últimos 10 anos, o percentual de praças assistidas por serviços bancários pelos cinco maiores bancos teve uma redução de 39,4%, passando de 19,8 mil para 12 mil. Somados, Bradesco, Itaú e Santander foram de 10,8 mil para 5,6 mil agências (-48,1%). Banco do Brasil e Caixa Federal saíram de 8,9 mil para 6,4 mil (-28,1%).
Tudo isso faz parte do processo de “reestruturação” do sistema bancário, concentrando ainda mais o capital financeiro em direção à criação de bancos múltiplos, em substituição aos grandes conglomerados, e ao aumento indiscriminado da lucratividade no setor.
A tal “reforma” também atende aos interesses do capital estrangeiro, aprofundando ainda mais a dependência em relação à ganância dos países imperialistas.
A concentração de capital financeiro, decorrente da “reforma”, inviabiliza o que resta dos bancos estaduais, elimina o sistema das Caixas Econômicas, provoca o fechamento generalizado de agências, a diminuição da participação do setor público na economia e a perda total do poder de influência do Estado na política financeira, que passa a ficar à mercê dos interesses especulativos do Bradesco, Itaú, Santander etc.
Como consequência, temos maiores restrições ao crédito e aos serviços bancários, principalmente para os pequenos clientes — a maioria absoluta da população —, além do inevitável crescimento da taxa de juros e da agiotagem.
Mais uma ameaça aos bancários
Se a manobra da reforma bancária interessa aos banqueiros internacionais e nacionais, não virá, sem sombra de dúvidas, beneficiar os trabalhadores brasileiros — em especial, os bancários.
Juntamente com essas medidas, vem o aumento da exploração da mão de obra barata, o uso abusivo das horas extras gratuitas e as demissões em massa. Pode significar uma onda de demissões superior à época do Plano Real, quando mais de 140 mil bancários perderam seus empregos.
O objetivo dos banqueiros é lucrar cada vez mais. É a submissão total da economia brasileira aos interesses gananciosos do imperialismo mundial e dos banqueiros privados nacionais — e, para isso, contam com a total passividade do governo brasileiro, que coloca o presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra as cordas diante das pressões dos golpistas da Frente Ampla, que ocupam cargos estratégicos no próprio governo.
Cabe aos bancários, assim como a toda a população, a defesa das funções sociais do sistema bancário como provedor de crédito e serviços e, mais ainda, a defesa dos empregos e dos salários da categoria bancária frente a estes ataques da direita golpista.