Desde o segundo semestre de 2023 (primeiro ano do governo de Tarcísio de Freitas), não há reunião pedagógica, atividade de formação ou encontro sindical com a presença de educadores da rede estadual paulista em que não brote um rosário de reclamações sobre as plataformas digitais da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP).
Problemas de infraestrutura? Fechamento de classes noturnas? Leilão para a construção de escolas na bolsa de valores? Não importa o tema, o assunto da conversa sempre deriva para o esconjuro às plataformas de uso obrigatório. Nas universidades, estudantes de licenciaturas que estagiam nas escolas estaduais também lançam impropérios contra as plataformas. “É inacreditável que tenham rebaixado o ensino público a esse nível”, disse-me uma desolada estudante de Pedagogia da USP no ano passado.
Sem nenhum exagero, no último ano e meio ouvi mais de duas centenas de relatos sobre os impactos negativos das plataformas nas escolas estaduais paulistas, feitos inclusive por pessoas que não necessariamente se opõem a Tarcísio de Freitas ou Jair Bolsonaro.
Nunca me esqueci do que me contou uma professora de Língua Portuguesa de Embu das Artes sobre um estudante que era o mais frequente usuário da biblioteca da escola, e que vinha perdendo o gosto pela leitura por ser obrigado a substituir os livros em papel pela plataforma “Leia SP”. A leitura no tablet lhe exigia a rolagem da tela numa velocidade específica, nem lenta nem rápida demais (uma forma de impedir que os alunos burlassem as metas de páginas lidas). Após um certo número de páginas, a leitura era interrompida por um par de perguntas ridículas para verificar se ele havia prestado atenção ao que lera. E ainda que já tivesse lido determinado livro na biblioteca, era obrigado a fazê-lo novamente via plataforma. Isso o deixava irritado e consumia o tempo de outras leituras que ele desejava fazer.
Também recordo do relato de uma estagiária do curso de Pedagogia que acompanhou uma turma de crianças utilizando a plataforma “Elefante Letrado”. Por não reconhecer que algumas crianças (que já conseguiam ler) não podiam pronunciar todas as palavras do texto, às vezes por problemas na própria captação das vozes das crianças pelo microfone, a plataforma “decidia” que as crianças eram incapazes de ler adequadamente, obrigando que elas repetissem a mesma tarefa diversas vezes até que conseguissem completar o ditado. A avaliação das professoras sobre as competências leitoras das crianças e as atividades específicas que elas propunham para lidar com as diferenças entre as aprendizagens na turma não importavam, contanto que as tarefas da plataforma fossem concluídas.
As críticas às plataformas são consistentes e englobam aspectos muito variados. O sequestro do tempo de trabalho de diretores escolares pela necessidade permanente de fiscalizar o uso de plataformas por professores e alunos (a ponto de a mediação de problemas graves como bullying ou ameaças de violência escolar ser deixada de lado).
A substituição das aulas dos professores por ferramentas que vertem o ensino público numa espécie de “EaD presencial”, formulação que escutei de dezenas de educadores. O assédio institucional e a regulamentação de punições flagrantemente ilegais pelo não cumprimento de metas de tempo de uso de plataformas. Estudantes sendo retirados das salas de aula, em particular às sextas-feiras, para preencherem as tarefas (suas e de outros colegas) nas várias plataformas. Estudantes com deficiência submetidos à realização de atividades em plataformas que não foram pensadas para formas e ritmos diferenciados de aprendizagem. Simulação de tarefas pelos estudantes (redações geradas por inteligência artificial, exercícios copiados de colegas, utilização de aplicativos preenchedores de tarefas como o “Doritos” – queridinho dos estudantes da rede etc. etc.) e fraude em registros de presença, tudo induzido pela necessidade de manter “verdinhos” os painéis do “Super BI” (Business Intelligence), um dos instrumentos centrais do esquema de vigilância da Seduc-SP. Há, obviamente, muito mais.
Em setembro de 2024, durante o chamado “Encontro de Líderes pela Aprendizagem” organizado pela Seduc-SP na cidade de Campinas, o secretário da educação Renato Feder perguntou a um grupo de estudantes ao seu lado no palco: “A plataforma ajuda vocês a aprender de verdade ou vocês fazem só pra constar lá nos painéis do BI? Quando vocês fazem, é mais pra aprender (…) ou é mais porque a escola pede pro BI subir [para os indicadores subirem]?”.
A rejeição às plataformas nas escolas estaduais já era tanta, que mesmo naquele ambiente meticulosamente controlado, com escolas e estudantes selecionados a dedo pelos auxiliares do secretário, uma estudante lhe disse na cara que as plataformas geram “muita pressão” sobre ela e os colegas. E arrematou: “A gente parece que não tem tempo de respirar”. Foi ovacionada pelo público. O constrangido Feder, é claro, não voltou a expor a sua política de plataformização ao escrutínio público. Fingiu que nada aconteceu e seguiu amassando as escolas com o rolo compressor das metas de plataformas.
Parece inacreditável que uma secretaria de educação seja capaz de conceber que o tempo que estudantes e professores passam logados em plataformas educacionais – mensurado no número de atividades entregues, em minutos de leitura na tela etc. – seja um indicador razoável para avaliar escolas estaduais, chegando ao limite, a depender dos números obtidos por elas, de afastar seus diretores via remoção (no caso de profissionais efetivos) ou cessação de cargos (no caso de profissionais designados pela Seduc-SP).
Recentemente, uma Nota Técnica da Rede Escola Pública e Universidade (REPU) chegou à conclusão de que a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo fez um uso totalmente arbitrário dos indicadores para afastar 25 diretores escolares altamente vinculados às suas comunidades. Pois a Seduc-SP vem fazendo o mesmo há muito mais tempo (desde 2024, já afastou uma quantidade de diretores muito maior do que a Prefeitura) e baseando-se não apenas nos resultados da avaliação em larga escala estadual, mas também no uso das plataformas – este bizarro indicador.
“O que a gente quer é resultado”
Um aumento rápido nos resultados das escolas nas avaliações em larga escala é o cálice sagrado do qual tantos secretários de educação, prefeitos e governadores desejam ardentemente se servir. Qualquer pessoa na administração pública que seja honesta e que tenha um mínimo senso de realidade sabe, porém, que produzir elevações consistentes em indicadores educacionais não é tarefa fácil. Ainda mais difícil é tornar esses aumentos, que são tipicamente lentos, visíveis ao eleitorado. Implementar boas políticas educacionais e garantir a sua continuidade é operação que leva anos (décadas, até), dá trabalho e demanda muito dos cofres públicos.
Melhorar salários, carreiras e condições de trabalho, investir em uma boa formação, manter uma infraestrutura escolar digna do nome, garantir o acesso e a permanência na escola e realizar múltiplas ações intersetoriais (com assistência social, saúde, cultura, esporte, trabalho, defesa da infância e adolescência etc.) são medidas cujo impacto eleitoral é comparável aos de obras de saneamento básico enterradas sob calçadas, ruas e avenidas – dificilmente rendem votos no curto prazo.
É a possibilidade de exploração eleitoreira dos rankings educacionais que impele governadores como Tarcísio e secretários como Feder a darem “um jeitinho” de acelerar a subida dos índices em suas redes de ensino. A elevação rápida dos números funciona como uma obra de recapeamento asfáltico, só que a custo significativamente menor para o erário.
No curto e no médio prazos, os famigerados rankings por escolas, por municípios e por estados nutrem campanhas eleitorais, o oportunismo dos mercadores de ilusões de fundações e institutos empresariais e garantem o fluxo de recursos públicos para a aquisição de produtos que prometem revolucionar as aprendizagens de leitura, escrita e Matemática.
E, uma vez que o objetivo dos políticos é realmente a elevação dos indicadores, mas não necessariamente da qualidade da educação pública – já que (e isso deveria ser óbvio) uma coisa não é sinônimo da outra –, as estratégias das secretarias de educação são de tipos variados: premiações ou punições a estudantes e profissionais da educação, treinamento para os exames e, claro, burlar os processos amostrais das avaliações. Esta última estratégia, diga-se de passagem, é um processo quase artesanal que envolve transferências de classes inteiras entre escolas, redução forçada na distorção idade-série, multiplicação de “laudos” e cambalachos do mesmo jaez.
O caminho de Feder para o aumento dos rankings em São Paulo envolve, tal como durante a sua fulgurante passagem pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED), uma mistura dessas estratégias. A manipulação escrachada dos números, no entanto, não pega bem num estado com a visibilidade midiática de São Paulo. Logo, para além de estimular o registro generalizado da frequência para estudantes que não foram à escola e da aprovação automática – coisa que todos os estados já fazem há anos –, a tática do empresário é treinar os estudantes para os exames e aumentar a pressão sobre as escolas e seus sujeitos para o atingimento dos resultados.
São Paulo, por exemplo, tem hoje a maior carga horária de Língua Portuguesa e Matemática do país no Ensino Médio (mil horas letivas totais); em compensação, tem as menores cargas horárias de Arte, Biologia, Filosofia, Geografia, Química e Sociologia. Os slides focalizam as aulas naquilo que cobram os exames e as plataformas ditam o ritmo do trabalho, controlando tarefas, frequências e garantindo que a formação dos educadores se restrinja à louvação do digital, privando-os de qualquer reflexão educacional mais substantiva.
Feder, como sabemos, é um empresário da área de tecnologia que não entende bulhufas de educação e que, ainda por cima, tem ojeriza a educadores. Em um livro de autoajuda empresarial, escrito em parceria com Alexandre Ostrowiecki (que hoje produz conteúdos alinhados entre o bolsonarismo e o ultraliberalismo do Partido Novo), o atual secretário da educação do estado de São Paulo afirmou que “alunos das escolas públicas estudam com professores semianalfabetos, tirando as piores notas de Matemática do mundo”.
O início da gestão de Feder à frente da pasta da educação paulista foi de sorrisos postiços e tentativas de se aproximar dos educadores, em lives e eventos marcados por perorações corporativas em estilo coach, temperadas com uma certa amabilidade e uma parvoíce de tiozão do pavê. Nos primeiros meses, a Seduc-SP forneceu às escolas tablets e computadores, parte adquirida da própria empresa de Feder; nos seguintes, rasgou o Currículo Paulista vinculado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e deu as costas ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). No lugar, estabeleceu o uso obrigatório de slides prontos para justificar a compra periódica de tablets e computadores, o cobertorzinho que aquece o setor econômico em cujo ninho ele mesmo – Feder – foi chocado. O problema é que os slides (coalhados de erros conceituais e com referências a materiais de qualidade duvidosa) não poderiam sozinhos justificar a compra de tantos equipamentos. Então vieram as plataformas.
A Seduc-SP não forneceu qualquer argumento pedagógico para justificar a aquisição das dezenas de plataformas que são hoje utilizadas na rede estadual. Quando muito, defendeu a compra desses insumos digitais evocando uma ideia abstrata de “modernização” do ensino e um senso comum de que esta modernização levaria necessariamente à tão sonhada (e eleitoreira) melhoria dos resultados educacionais.
A piora do estado de São Paulo no ranking estadual do Ideb 2023 (tanto para o Ensino Fundamental quanto para o Ensino Médio) e os avanços medíocres da rede estadual no Saresp 2024 trouxeram intranquilidade ao secretário que, até o primeiro semestre de 2024, tentava suavizar a carranca com sorrisos largos e disfarçar a prepotência com bonachice. Feder rasgou definitivamente a fantasia em uma live no início do ano letivo de 2025, quando se realiza a prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) que pautará as eleições de 2026 (que muito interessam a Tarcísio):
O que a gente quer é resultado (…). Então eu não tô aqui para ser legal, para ser sorridente, para falar que estamos todos juntos e unidos e que vai dar tudo certo (…). Vamos parar de ficar sugerindo passo a passo, cobrando passo a passo, que o que a gente quer é resultado. Principalmente resultado no Saresp, resultado no Saeb e tudo que eu vou fazer esse ano, o que esperar da Secretaria esse ano é apoiar, dar as ferramentas e cobrar resultado. (29 jan. 2025)
A cobrança vem por meio das plataformas, as “ferramentas” fornecidas pela Seduc-SP para que as escolas estejam mais capacitadas a atingir os “resultados” desejados pelo governo estadual. Esse seria um plano perfeito, se as plataformas não tivessem se mostrado um colossal engodo.
Desresponsabilizar o Estado, responsabilizar os indivíduos
Unanimemente rejeitadas por educadores e estudantes, as plataformas finalmente tiveram a sua eficácia testada pelos pesquisadores do Grupo Escola Pública e Democracia (Gepud) e da REPU, que cruzaram os indicadores de diversas plataformas utilizadas pelos estudantes da rede estadual (“Alura”, “Khan Academy”, “Leia SP”, “Matific”, “Redação Paulista”, “SPeak” e “Tarefa SP”) – a partir de dados obtidos da própria Seduc-SP via Lei de Acesso à Informação – com as variações nos desempenhos de suas escolas no Saresp entre 2023 e 2024..
O resultados do estudo não poderiam ser mais frustrantes para Feder e Tarcísio: não existe correlação entre a melhoria de resultados e a utilização de plataformas. Escolas que fizeram uso frequente das plataformas em 2024 estão tanto entre aquelas que melhoraram quanto entre aquelas que pioraram seus resultados no Saresp naquele ano, e vice-versa.
Os achados desta nova Nota Técnica formalizam algo que os educadores da rede de ensino já percebiam há tempos. Uma vez que as plataformas pioram o ambiente escolar com intimidações, ameaças e punições e consomem parte significativa do tempo pedagógico que seria dedicado às aulas, ninguém espera que elas possam produzir qualquer melhora consistente nas aprendizagens dos estudantes. Se isso porventura ocorre em algumas escolas da rede, as causas disso são certamente múltiplas e ultrapassam o mero uso das ferramentas digitais. Em termos líquidos, portanto, as plataformas trazem muito mais prejuízos às escolas.
A Seduc-SP recebeu o estudo – desenvolvido por pesquisadores experientes de renomadas instituições de ensino superior do estado de São Paulo – com a antipatia e o desdém habituais. Em nota à Folha de S. Paulo, a secretaria afirmou “ser prematuro estabelecer correlações do uso das plataformas com os resultados do Saresp (avaliação estadual)”, alegando que essas ferramentas passaram a ser usadas apenas no segundo semestre de 2023.
Pois bem: se é “prematuro” estabelecer esse tipo de correlação, também não seria prematuro afastar diretores escolares dos seus cargos pelo não atingimento de metas combinadas entre o Saresp e o uso de plataformas, que é exatamente o que vem fazendo a Seduc-SP com o painel “Super BI” desde 2024?
E como justificar gastos da ordem das centenas de milhões de reais na aquisição de licenças de plataformas educacionais por tempo limitado? Isso para não falar na falta de um plano estadual para o desenvolvimento de plataformas digitais próprias, que dispensassem o governo paulista da necessidade periódica de celebrar contratos milionários com big techs como a Microsoft, proprietária do “Power BI”, centro nervoso da vigilância e do assédio institucionalizado na rede estadual.
Esta coluna já abordou o problema dos conflitos de interesse público-privados de Feder com a educação paulista. É óbvio que a falta de um projeto que vise à soberania digital na maior rede de ensino do país nada tem a ver com a falta de uma visão estratégica para o problema. É que, no caso específico de Feder – que, como secretário da educação, cria e regula mercados; e que, como empresário, explora esses mesmos mercados –, a visão estratégica é sempre a do negócio. O secretário da educação, aliás, não é diferente de diversos outros membros do governo Tarcísio.
Os prejuízos do uso indiscriminado e obrigatório das plataformas educacionais na rede estadual, agora demonstrados de forma objetiva, já eram conhecidos pela Seduc-SP. O mesmo pode ser dito quanto ao uso de indicadores de desempenho “por escola”, sem qualquer sistematicidade ou amparo estatístico, para punir ou premiar educadores “Ouro” ou “Diamante” com bonificações em dinheiro. A ineficácia das políticas de bonificação foi demonstrada por um estudo interno realizado pela Seduc-SP em 2011.
A direita dita “esclarecida” das fundações, institutos e coalizões empresariais sempre se arvora nas “boas práticas” e nas “evidências científicas” para reivindicar o status de “especialista” nos assuntos da educação tratados na imprensa e nos espaços de formulação e implementação das políticas educacionais. Ao mesmo tempo, nada diz sobre o massacre à rede estadual que Feder e Tarcísio vêm empreendendo desde 2023: vigilância e controle hiperburocrático, degradação do ambiente de trabalho nas escolas e nas diretorias de ensino, ataques à autoestima e à saúde mental de educadores e estudantes, rebaixamento do currículo e da qualidade da formação, criação de esquemas de avaliação punitivos e baseados em indicadores esdrúxulos, militarização escolar, estreitamento dos horizontes da escola pública ao treinamento para exames, ampliação da estratificação interna da rede de ensino (combinando escola de tempo integral, militarização e programas de intercâmbio e bolsas focalizados em estudantes mais privilegiados).
É compreensível: a direta liberal sempre fecha os olhos para os horrores da direita reacionária quando o projeto privatista – acalentado por ambas – voa em velocidade de cruzeiro. O movimento do governo paulista para dissuadir editores de diversos veículos de imprensa de noticiarem os achados acachapantes sobre as plataformas só reforça a conclusão de que os reais interesses de Feders e assemelhados passam tão longe das evidências cientificas quanto da melhoria da educação pública destinada aos mais pobres.
Tecnologias educacionais são muito bem-vindas nas escolas e as plataformas podem ser ferramentas de apoio importantes aos processos de ensino e aprendizagem. Não é disso, contudo, que se trata o radical projeto de plataformização do ensino levado a cabo pelo governo de São Paulo, que piora o clima escolar, não produz incrementos positivos nos resultados educacionais e, ainda por cima, desresponsabiliza a Seduc-SP por todos esses problemas.
As plataformas transferem para o usuário final – o dirigente, o supervisor, o diretor, o vice-diretor, o coordenador, o professor, o estudante – a culpa por tudo o que acontece nas escolas, como se cada um desses agentes tivesse a capacidade de operar sozinho as mudanças que só a Seduc-SP pode realizar. E tudo isso ao custo de vultosas transferências de recursos públicos para empresas fornecedoras de software, parceiras comerciais do secretário que, até ontem, ganhava a vida fornecendo hardware.
As chamadas “greves de plataformas” são medidas muito brandas diante da tragédia sem precedentes que assola a maior rede de ensino do país. A recusa à vigilância via plataformas precisa ser geral. Se todas as escolas da rede estadual se recusassem a cumprir as metas de uso desse entulho digital, a Seduc-SP perderia imediatamente as condições de afastar diretores com baixas pontuações.
Para além de inviabilizar metas e punições, a recusa generalizada ao nefasto projeto de plataformização da educação pública paulista é um caminho concreto para que escolas e educadores retomem a autonomia pedagógica que lhes foi usurpada pelos diversos governos estaduais das últimas décadas, particularmente em sua derivação fascista mais recente.