O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, acusou o secretariado da UNESCO de favorecer interesses que buscam enfraquecer estratégicamente o país e de apoiar o governo ucraniano e seus aliados ocidentais. As declarações foram feitas durante uma reunião geral da Comissão Russa para a UNESCO.
“O Secretariado da UNESCO, liderado por Audrey Azoulay — cidadã francesa e diretora-geral — defende essencialmente os interesses daqueles que declararam entregar uma derrota estratégica à Rússia como seu objetivo, para cancelar todas as coisas russas, começando com a participação da Rússia em processos internacionais e terminando com cultura, educação e valores religiosos”, afirmou Lavrov.
Ele também acusou a organização de ignorar a destruição de monumentos históricos e culturais russos na Ucrânia e nos países do Báltico, incluindo aqueles protegidos pela própria UNESCO.
Segundo Lavrov, o silêncio do secretariado em relação a essas destruições é “vergonhoso”. Ele destacou que esses eventos acontecem em meio a tentativas de marginalizar a presença russa em organizações internacionais.
Desafios para a Cooperação Internacional
Lavrov descreveu o ano como difícil para a Rússia e para o mundo, incluindo as relações com organizações internacionais como a UNESCO. Ele afirmou que a situação atual exige uma visão realista sobre o curso político da organização.
“Vimos por nós mesmos mais uma vez que não deveríamos ter ilusões sobre a situação atual na UNESCO ou o curso político de sua diretora-geral e seus colegas mais próximos”, disse Lavrov. Ele também acusou os países ocidentais de explorar secretariados internacionais para avançar seus próprios interesses, incluindo a politização das atividades da UNESCO, em desacordo com sua carta.
Críticas Específicas e Padrões Duplos
Lavrov destacou o que considera como politização das atividades da UNESCO e acusações direcionadas à Rússia. Ele mencionou decisões do Conselho Executivo da organização sobre a Crimeia e a Ucrânia que, segundo ele, ultrapassam o mandato da instituição.
“A aspiração de ucranizar a agenda de todas as estruturas desta instituição é óbvia e, certamente, padrões duplos surgem constantemente quando o Conselho Executivo da UNESCO toma decisões antirrussas”, afirmou.
Lavrov também ressaltou que, no passado, a UNESCO desfrutava de “respeito universal merecido”, mas que suas recentes ações refletem uma tendência diferente. Ele sugeriu que a organização se afastou de seus princípios fundadores.
Contexto de Tensa Relação
As relações entre a Rússia e organizações internacionais, incluindo a UNESCO, enfrentam tensões desde o início do conflito na Ucrânia. Moscou tem criticado o que considera uma postura ocidental predominante em diversas instituições globais, acusando-as de parcialidade.
Em contrapartida, a UNESCO tem condenado a destruição de patrimônios culturais em contextos de conflito, incluindo ataques na Ucrânia, mas evita apontar diretamente responsáveis. A organização reiterou em ocasiões anteriores seu compromisso com a preservação cultural e educacional em todo o mundo.
As críticas de Lavrov refletem uma preocupação mais ampla da Rússia em relação à sua influência em organizações multilaterais e o impacto de sanções e pressões diplomáticas sobre o país em foros internacionais. A UNESCO, por sua vez, segue afirmando seu compromisso com a neutralidade e os princípios de sua carta fundadora.
