O presidente Lula (PT) e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), dividiram o palanque nesta terça-feira 11 durante o lançamento de uma fábrica para desenvolvimento de carros híbridos em Betim (MG). No evento, os adversários políticos trocaram indiretas.
Antes de Lula discursar, Zema foi ao palco para destacar que uma das marcas de seu governo seria a redução da equipe de trabalho, na comparação com mandatos anteriores.
“Apesar de sermos o segundo estado mais populoso do Brasil, somos o que tem o menor número de secretarias: catorze. Mas, para time ganhar campeonato, não precisa colocar vinte, trinta jogadores em campo, não. Precisa é de onze craques, que é o que temos aqui”, disse o mineiro.
Na sequência, Lula assumiu o microfone para sustentar que seu governo “não é feito de mentiras” e rebater o governador, sem citá-lo.
“O importante não é discutir se você tem um ou dez, o importante é discutir a qualidade das pessoas que você tem, dos compromissos que as pessoas têm”, afirmou. “É muito importante o diploma, mas eu quero que pessoas tenham, antes de tudo, sensibilidade no coração para entender a sociedade brasileira.”
Em outro momento do discurso, Lula se referiu diretamente a Zema: o petista elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmando que o governador não se lembra “há quanto tempo” a economia brasileira não crescia acima dos 3% ao ano. A crítica velada tem como contexto o apoio de Zema ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Precisou eu voltar à Presidência para que a economia voltasse a crescer acima de 3%“, devolveu o petista. “Ela não crescia há quanto tempo? O Zema não lembra há quanto tempo essa economia não crescia a 3%. Precisou entrar aqui um cara de sorte para que a economia voltasse a crescer.”
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística confirmou que a economia brasileira cresceu 3,4% em 2024. Depois do baque sofrido pelos efeitos da pandemia da Covid-19, o PIB voltou a subir em 2021 (alta de 4,8%). Em seguida, a economia brasileira cresceu 2,9% em 2022 e 3,2% em 2023.
Críticas a Trump
No evento, Lula também teceu críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Todo mundo vai ganhar, nós não queremos o Brasil para nós, nós queremos o Brasil para vocês. Não adianta o Trump ficar gritando de lá, porque eu aprendi a não ter medo de cara feia”, afirmou. “Fale manso comigo, fale com respeito comigo, que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado.”
A declaração acontece no momento em que Brasil e Estados Unidos negociam um acordo para evitar que as exportações brasileiras sofram as consequências da política comercial norte-americana. Em meio a uma guerra comercial contra a China e outros países (Canadá e México, por exemplo), o presidente dos EUA decidiu aumentar as tarifas de importação de aço e alumínio.
Recentemente, o vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), se reuniu com figuras de peso do governo republicano: Howard Lutnick, secretário de Comércio dos EUA, e Jamieson Greer, representante comercial dos EUA. Alckmin saiu da reunião dizendo ser possível chegar a um “bom entendimento” sobre a política tarifária.