
Um novo projeto de lei impulsionado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamado de “One, Big, Beautiful Bill”, pode impactar diretamente os imigrantes brasileiros. A medida, que já passou pela Câmara dos Deputados e agora está no Senado, prevê a cobrança de um imposto de 3,5% sobre as remessas enviadas por estrangeiros a seus países de origem, independentemente de seu status migratório.
Se aprovada, a taxa pode reduzir significativamente o volume de recursos que os brasileiros, que trabalham nos EUA, enviam ao Brasil, principalmente para cidades como Governador Valadares (MG), onde a economia local é fortemente abastecida por essas transferências.
Em 2023, os brasileiros nos Estados Unidos mandaram cerca de US$ 2 bilhões para o país, metade do total enviado por imigrantes brasileiros no mundo, segundo dados do Banco Central.
A medida pode ser ainda mais dura para outros países latino-americanos, onde as remessas representam uma fatia maior da economia. Enquanto no Brasil os envios equivalem a 0,2% do PIB, na América Central esse percentual chega a 12%. Em El Salvador, por exemplo, as remessas correspondem a 24% do PIB.
“É hora de poupar agora”, disse Carlos à coluna de Jamil Chade, do Uol, imigrante de Sorocaba (SP) que vive em Nova York e suspendeu a reforma da casa de uma parente no interior de São Paulo devido à incerteza.
Cátia, que trabalha em um bar próximo a Miami e pediu para não ter seu sobrenome revelado, relatou que já sente os efeitos da política migratória mais rígida de Trump. “Quando há operação das autoridades, eu não saio de casa. E não recebo naquele dia ou semana”, contou.

Além da possível taxa, muitos imigrantes irregulares têm evitado lojas de câmbio devido a rumores de que agentes da ICE (polícia de imigração dos EUA) estariam fazendo batidas nesses locais. O clima de apreensão já está reduzindo o volume de remessas, com famílias priorizando o pagamento de contas nos Estados Unidos em vez de enviar dinheiro ao Brasil.
Trump deu até 4 de julho para que os senadores cheguem a um acordo sobre o projeto, que também inclui outras mudanças fiscais. Apesar de o impasse atual não estar diretamente relacionado aos imigrantes, a proposta já gera preocupação entre comunidades latinas.
Se implementada, a taxa pode pressionar ainda mais os trabalhadores estrangeiros, que já enfrentam deportações e maior fiscalização sob o atual governo.