Nesta quarta-feira (28), a Polícia Federal (PF) deflagrou a sétima fase da Operação Sisamnes, autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Esta fase tem como objetivo investigar suspeitas de venda de decisões e vazamentos em gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Sétima fase

Nessa operação, foram cumpridos cinco mandados de prisão, seis mandados de busca e apreensão, além de quatro medidas de monitoramento eletrônico, todos autorizados pelo STF. As ações ocorreram em três unidades da Federação: Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais.

Os suspeitos que não tiveram a prisão decretada foram submetidos a medidas restritivas de direitos, como recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato com outros investigados e entrega de passaportes.

Assassinato de Roberto Zampieri

O procedimento atual resulta das investigações sobre o assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em 2023, em Cuiabá (MT). Zampieri foi executado com 10 disparos ao entrar em seu veículo.

Segundo a Polícia Militar (PM), o autor do crime aguardava o advogado na saída do trabalho, em frente ao escritório. Há cinco anos, Zampieri utilizava veículos blindados, contribuindo para a tese de execução.

De acordo com a PF, ao analisar o celular da vítima, foram encontradas conversas revelando negociações de “sentenças venais” com juízes de diferentes tribunais. Entre eles, gabinetes de ministros do STJ.

‘Comando C4’: suposto grupo de extermínio

Para a PF, as investigações indicam que a motivação do assassinato foi uma disputa por terras, envolvendo o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) e resultando no afastamento dos desembargadores Sebastião Moraes Filho e João Ferreira Filho.

Segundo a PF e a Polícia Civil de Mato Grosso (PC-MT), o produtor rural Aníbal Manoel Laurindo foi apontado como mandante do homicídio, enquanto o coronel Luiz Cacadini foi indicado como financiador das ações.

Antônio Gomes da Silva foi identificado como executor do crime, e Hedilerson Barbosa, como intermediário, responsável por auxiliar o atirador e fornecer a pistola 9 mm usada no assassinato. Gilberto Louzada da Silva também foi acusado de envolvimento, embora sua participação não tenha sido explicada.

Conforme a PF, os executores se autodenominavam “Comando C4”, sigla para “Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos”. O grupo seria composto por civis e militares da ativa e da reserva, que atuavam por meio de vigilância clandestina e assassinatos sob encomenda.

Frutos das diligências

Ainda segundo a PF, as diligências e investigações revelaram que o grupo planejava suas ações com antecedência, utilizando um portfólio impresso. Também haveria locação de imóveis e uso de “garotas e garotos de programa como iscas” para atrair os alvos.

Foi mencionado o uso de disfarces, como perucas e bigodes, além de equipamentos como drones, entre outros materiais e veículos.

Foram listados os seguintes itens e veículos, supostamente utilizados nas ações:

  • cinco fuzis de precisão com silenciador;
  • 15 pistolas com silenciador;
  • munições;
  • lança-rojão tipo AT-34 de ombro;
  • minas magnéticas e explosivos com detonação remota;
  • cinco veículos Doblò;
  • cinco automóveis de pequeno e médio porte;
  • placas frias.

Constava ainda uma tabela com os valores praticados segundo o cargo político do alvo:

  • “figuras normais”: R$50 mil
  • deputados: R$100 mil
  • senadores: R$150 mil
  • ministros do Judiciário: R$250 mil

Terror com ‘terrorismo’

Recentemente, o governo Lula (PT) recusou o pedido do governo Trump para classificar o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas. O posicionamento foi justificado pelo Itamaraty com base em critérios técnicos e acordos multilaterais, ressaltando que o Brasil possui instrumentos próprios para o enfrentamento ao crime organizado.

Todavia, cresce a pressão política para que o Brasil adote essa orientação imposta pelo imperialismo, visando o endurecimento do regime. Essa ofensiva se expressou na Câmara dos Deputados, que aprovou, nesta segunda-feira (26), em votação simbólica, o regime de urgência para o Projeto de Lei (PL) 1.283/2025, de autoria do deputado Danilo Forte (União Brasil-CE).

“Facções criminosas e milícias privadas dominam territórios, impedem o acesso da população a serviços públicos básicos, prejudicam infraestruturas críticas e tolhem a liberdade individual e econômica no país. Essa proposta trata com rigor essas atividades, que precisam ser classificadas como o que são: terrorismo”, declarou o deputado Forte.

O PL propõe a possibilidade de antecipação da responsabilização penal, punindo atos preparatórios e prevendo aumento de pena para crimes cometidos com o uso de recursos cibernéticos.

Outro ponto do projeto é o bloqueio de bens e valores dos acusados durante as investigações, além de permitir a ingerência de organizações internacionais sob a justificativa de “cooperação entre autoridades internacionais”. Um projeto lesa-pátria.

A Operação Sisamnes, supostamente voltada contra o “Comando C4”, vem sendo utilizada pela imprensa burguesa – no que aparenta ser uma jogada ensaiada com a Polícia Federal – para reforçar a pressão em defesa do endurecimento do regime contra os direitos democráticos do povo.

Exemplos recentes reforçam essa tese. Primeiramente, a perseguição sionista contra ativistas pró-Palestina e contra pessoas supostamente ligadas à resistência no Oriente Próximo. É o caso de Lucas Passos, preso há quase dois anos em um processo completamente arbitrário feito em conjunto com o Mossad, serviço de inteligência do Estado nazista de “Israel”. Recentemente, a imprensa também divulgou operação da polícia contra um cidadão que estaria planejando explodir uma bomba no show da cantora Lady Gaga, em Copacabana.

Ou seja, por meio de todos esses casos, a burguesia cria um clima de que o Brasil está infestado de perigosos terroristas. Diante disso, propõe soluções conforme seus interesses: aumentar o poder da polícia e do Judiciário para acabar de vez com os direitos democrático do povo e permitir que o imperialismo, por meio de seus serviços de inteligência, atuem com cada vez mais liberdade dentro do País.

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Last Update: 29/05/2025