A nova advertência de Lula à Europa sobre acordo com o Mercosul

O presidente Lula (PT) advertiu nesta quarta-feira 17 que seu governo não apoiará mais o acordo Mercosul-União Europeia caso os europeus voltem a atrasar a assinatura. A expectativa do petista é firmar o tratado no próximo sábado 20, em Foz do Iguaçu (PR), na cúpula do Mercosul.

“A Itália e a França não querem fazer por problemas políticos internos”, disse Lula na última reunião ministerial de 2025, em Brasília. “Eu já avisei a eles: se a gente não fizer agora, o Brasil não fará mais acordo enquanto eu for presidente. É bom saber. Faz 26 anos que a gente espera esse acordo. O acordo é mais favorável para ele do que para nós.”

O petista afirmou que viajará ao Paraná com a expectativa de que a Europa diga sim aos termos. “Se disser não, vamos ser duros daqui para frente com eles, porque cedemos em tudo que era possível para a diplomacia ceder.”

Nesta quarta-feira, a Itália se somou à França e pediu para adiar o acordo comercial que a titular do Executivo europeu, Ursula von der Leyen, deseja assinar no sábado.

Von der Leyen precisa primeiro do aval do Conselho da UE, mas países como França e Itália alegam ser prematuro decidir nesta semana, uma vez que faltaria viabilizar as condições para proteger seus agricultores.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, no entanto, se mostrou “muito confiante” de que no começo de 2026 haverá condições para assinar o tratado.

A oposição de Roma representa um balde de água fria para a Comissão, que insistiu nos últimos dias na importância de selar o acordo ainda em 2025. França, Polônia, Hungria e Itália podem formar uma minoria de bloqueio entre os 27 Estados-membros da UE, o que impediria o exame nesta semana.

O Executivo europeu, no entanto, ainda não jogou a toalha.

Os chefes de Estado e de governo debaterão o tema na cúpula europeia nesta quinta-feira, assegurou à AFP Olof Gill, porta-voz da Comissão.

Medo dos agricultores

Negociado desde 1999, o acordo UE-Mercosul criaria a maior zona de livre comércio do mundo e permitiria à UE exportar mais veículos, maquinário, vinhos e bebidas destiladas para a América Latina.

Ao mesmo tempo, facilitaria a entrada de carne, açúcar, arroz, mel e soja latino-americanos na Europa.

Nesta semana, a Alemanha e a Espanha pediram a assinatura do tratado. Um diplomata europeu admitiu de forma anônima antes da cúpula, no entanto, que “a situação pode ficar muito tensa”.

“Se houvesse uma vontade de imposição por parte das instâncias europeias, a França se oporia de forma muito firme”, afirmou Macron nesta quarta, segundo a porta-voz do governo francês, Maud Bregeon.

O presidente francês está sob forte pressão para deter a assinatura do acordo, pois o conjunto da classe política é contra o texto em seu formato atual.

A oposição também vem do setor rural. Os agricultores franceses temem o impacto de uma chegada maciça à Europa de carne, arroz, mel e soja sul-americanos, vistos como mais competitivos por suas normas de produção.

Por isso, Paris pede uma “cláusula de salvaguarda” em caso de perturbação do mercado, medidas “espelho” para que os produtos importados respeitem as normas ambientais e sanitárias da UE e controles sanitários reforçados.

(Com informações da AFP)

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