A mudança de estratégia democrata após a desistência de Biden

por Luís Carlos de Souza e Maria Luiza Ribeiro

A desistência de Joe Biden da corrida pela reeleição marca um momento crucial na história política recente dos Estados Unidos. Esta decisão, embora surpreendente para alguns, é coerente com uma tradição de presidentes que, em diferentes circunstâncias, optaram por não buscar um segundo mandato.

Historicamente, a decisão de um presidente em exercício de não buscar a reeleição tem sido influenciada por uma variedade de fatores, incluindo problemas de saúde, baixa popularidade, crises econômicas, ou simplesmente um desejo pessoal de não continuar no cargo. Exemplos notáveis incluem Lyndon B. Johnson, que, em 1968, decidiu não buscar a reeleição em meio à turbulência da Guerra do Vietnã (1955-1975) e à crescente insatisfação pública.

O democrata anunciou sua desistência através de uma carta pública e uma mensagem nas redes sociais, destacando que acredita ser do melhor interesse do partido e do país que ele se retire da corrida eleitoral. Em sua carta, o mandatário agradeceu à vice-presidente Kamala Harris por seu apoio e parceria, e expressou gratidão ao povo americano pela confiança depositada nele.

Com a saída de Biden, Kamala Harris emerge como a principal candidata do partido. Primeira mulher negra e de ascendência indiana e jamaicana a ocupar a vice-presidência, Harris tem uma carreira marcada por posições de destaque no judiciário e no Senado dos Estados Unidos.

Além de Harris, a disputa interna do Partido Democrata levanta alguns outros nomes, dentre eles a ex-primeira dama Michelle Obama, que registra grande popularidade por sua figura na mídia; Gretchen Whitmer, que se destaca por sua popularidade nos chamados “swing states” – os estados que, tradicionalmente, apresentam um eleitorado bem dividido entre democratas e republicanos, e acabam apresentando eleições bem acirradas que costumam oscilar de partido vencedor; e o atual governador da Califórnia Gavin Newsom, figura presente na corrida eleitoral de Biden – Newsom se encontrou também presente na mídia internacional no mês de julho após um embate online com o bilionário Elon Musk, que anunciou a decisão de mover a matriz de sua empresa ‘X’ para fora da Califórnia, devido a discordâncias com o governador a respeito de leis que protegem a privacidade de adolescentes LGBTQIA+ nas escolas da Califórnia.

Nas redes sociais, Joe Biden já anunciou publicamente seu apoio à candidatura de Kamala Harris. No entanto, a escolha do vice na chapa de Harris será crucial para consolidar seu apoio dentro do partido e entre o eleitorado. Um vice-presidente escolhido estrategicamente pode fortalecer a chapa, atrair diferentes segmentos de eleitores e ajudar a construir uma coalizão sólida para enfrentar os desafios da eleição.

A decisão de Biden de não buscar a reeleição é um momento de redefinição para a política americana. Essa virada destaca a importância de uma liderança adaptável e responsiva às necessidades do momento, e coloca em foco a próxima geração de líderes que moldarão o futuro do país.

A habilidade do Partido Democrata de navegar este período de transição e anunciar a nova chapa eleitoral do partido será crucial para determinar seu sucesso nas eleições de 2024. Ao mesmo tempo, o debate sobre a renúncia de Biden e suas implicações continuará a ressoar no discurso político, influenciando a percepção pública e o curso da política americana nos próximos meses.

Bruno Fabricio Alcebino da Silva e Julia Protes Lamberti – Bacharéis em Ciências e Humanidades e graduandos em Relações Internacionais pela Universidade Federal do ABC (UFABC). Pesquisadores do Observatório de Política Externa e Inserção Internacional do Brasil (OPEB).

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Última Atualização: 23/07/2024