
Paulo Villares e Cláudio Bardella morreram e sua morte quase passou despercebida. Luiz Eulálio de Bueno Vidigal ainda participa do conselho da Santa Casa, mas vive dos aluguéis dos imóveis. Antônio Ermírio de Moraes já se foi e o último industrial histórico é Jorge Gerdau Johannpeter.
Lembro-me do início da minha carreira de jornalista econômico, o orgulho da crescente indústria nacional, os exemplos fantásticos dos turquinhos, italianinhos, judeuzinhos que por aqui aportaram, trazendo inovação, empreendedorismo. O chuveiro elétrico, invenção de Alessandro Lorenzetti, o aparelho de ar condicionado da Springer Admiral, de Paulo Vellinho, os aparelhos de som de Eugênio Staub. São quase todos retratos na parede.

O país não apenas perdeu suas indústrias, mas sua memória. Por isso passou quase em branco a morte de Romeu Romi, aos 97 anos, da segunda geração de controladores das Indústrias Romi, empresa que ainda mantém reputação internacional no setor de máquinas e equipamentos industriais. Era filho do casal fundador, Américo Emílio Romi e Olímpia Gelli Romi. Permaneceu no conselho da empresa até 2012.
A empresa nasceu em 1930, em uma modesta oficina de reparos em Santa Bárbara D´Oeste, a Garage Santa Bárbara. Em 1941 fabricou seu primeiro torno mecânico, o modelo IMPR TP-5, marcando o início da fabricação de máquinas-ferramenta no país.
Em 1948 lançou o trator Toro, o primeiro trator de concepção totalmente nacional. Em 1956 lançou o Romi-Isetta, o primeiro carro produzido em série no país.
De 1960 a 1972 a empresa transformou-se em uma das maiores produtoras mundiais de tornos. Em 1972 tornou-se uma sociedade anônima de capital aberto. Em 1974 lançou a primeira máquina injetora de plástico.
Depois, internacionalizou-se, com subsidiárias e distribuidores em diversos países, incluindo Estados Unidos, Alemanha, Espanha, França, Inglaterra, Itália e México. Em 2012, a Romi adquiriu a alemã Burkhardt+Weber (B+W), uma fabricante tradicional de máquinas-ferramenta, fortalecendo sua capacidade tecnológica e sua presença na Europa.
Hoje em dia, a companhia está organizada em três vertentes principais:
- Romi Machines: engloba Máquinas‑ferramenta e Máquinas para Processamento de Plásticos.
- Burkhardt + Weber Machines: especializa-se em centros de usinagem horizontais e máquinas para aplicações especiais.
- Castings and Machined Parts: unidade dedicada a peças fundidas e usinadas, com capacidade de produção anual de cerca de 50.000 toneladas de ferro cinzento, nodular ou vermicular.
Para colocar toda essa estrutura em prática, a Romi conta com 13 unidades fabris, sendo 11 no Brasil e 2 na Alemanha, num total de mais de 170 mil m² de área construída. A Capacidade instalada é cerca de 2.900 máquinas/ano e 50.000 toneladas/ano de peças fundidas.
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