A morte do ex-governador de Minas Gerais, Newton Cardoso, me trouxe algumas lembranças curiosas. Como se sabe, Newton não era propriamente motivo de orgulho para a política mineira.
Certa vez, na TV Bandeirantes, peguei no pé do alagoano Luiz Gutemberg Lima Silva, diretor da emissora em Brasilia, devido à má fama dos políticos alagoanos que chegaram ao poder com Collor. Sua resposta foi definitiva:
- Quem tem Newton Cardoso de governador não pode falar dos outros.
Calou-me.
Mas a cena mais interessante aconteceu com Gilberto Mansur, jornalista, dono do Espírito de Minas e, na época, organizador dos encontros de jornalistas mineiros radicados em São Paulo com políticos do estado.
Os encontros com o governador Hélio Garcia eram uma delícia, pois emérito contador de “causos”. Quando entrou Newton e Gilberto pretendeu um encontro, recusei. Ele achou que era por razões políticas.
- Não, Gilberto, é que ele parece ser muito chato.
De alguma maneira, Newton Cardoso soube do meu comentário e incumbiu Gilberto de me arrastar para o jantar. Na época, eu tinha um programa na TV Gazeta e o jantar era no Maksoud, a um quarteirão dali. Gilberto esperou o programa acabar e literalmente me arrastou para o Maksoud, colocando-me em uma cadeira vizinha à de Newton.
Foi um jantar conforme o previsto, Newtão com grosserias nada sutis. Cada causo que contava me cutucava com o cotovelo:
- O que achou dessa, conterrâneo?
E o conterrâneo nada falava porque minha mãe me ensinou a ser educado.
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