Conheci Fuad Noman quando ele era diretor da Brasilprev. Em fins de 1998, acabando o primeiro governo Fernando Henrique Cardoso, Fuad planejou uma série de seminários em várias federações de indústria – do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
O formato era o mesmo. Começava com ele abrindo o seminário. Depois, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola falava do cenário macro. Na sequência, eu falava sobre produtividade e qualidade. Entrava alguém falando pelo Banco – em geral, Ricardo Sérgio que, depois, se enrolou com operações feitas para o cunhado de José Serra. E, finalmente, Fuad vendendo o peixe da Brasilprev.
Era final de ano e o cheiro da maxidesvalorização já se espalhara por todo o país. Era visível que a âncora dos juros não mais seguraria o câmbio. Mas Loyola colocava diversas planilhas para concluir que a MCM – a consultoria para a qual ele foi depois de sair do banco – previa um máximo de 6% de variação cambial em 1999.
Na minha vez, começava elogiando a apresentação de Loyola, seguido de uma alerta:
- Levem em consideração que há muitos analistas, dentre os quais me incluo, prevendo uma maxidesvalorização a curto prazo. Portanto, cuidado, que uma decisão de vocês pode afetar radicalmente a vida de suas empresas.
De fato, poucos meses depois o câmbio explodiu.
Recebi e-mails de alguns empresários agradecendo pelo meu alerta.
Leia também: