O senador Rogério Marinho (PL-RN) precisou mentir para defender a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, quando simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Em entrevista à CNN, o parlamentar comparou os crimes cometidos naquele dia com casos de figuras históricas que foram anistiadas após o regime militar, mas citou informações falsas sobre a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-ministro José Dirceu e a jornalista Míriam Leitão.
Marinho afirmou que Dilma e Míriam foram anistiadas após cometerem crimes como assalto a banco e sequestro, respectivamente. “A Dilma Rousseff, ela assaltou um banco. A Míriam Leitão, da mesma forma. O Gabeira, nosso amigo Gabeira, ele foi processado por sequestro. Crimes de morte foram perdoados. José Dirceu. José Guimarães. Brizola, que já faleceu. Arraes. Todos eles foram perdoados. Foram anistiados, reincorporados à vida pública”, disse o senador.
Em entrevista à CNN, o líder da oposição no Senado Federal, Rogério Marinho (PL-RN), disse que, para pacificar o Brasil, é importante que haja anistia aos envolvidos nos ataques do 8 de janeiro de 2023 para que possam se concentrar no que é relevante para o país. #BastidoresCNN pic.twitter.com/Zqfy4eCwf5
— CNN Brasil (@CNNBrasil) January 31, 2025
No entanto, as declarações sobre Dilma e Míriam são falsas. Míriam Leitão foi presa e torturada em 1972 por integrar o PCdoB, mas nunca recebeu anistia.
Já Dilma Rousseff, também torturada, foi presa em 1970 por participar de grupos de esquerda, mas não há registros de que tenha participado de assaltos a bancos ou da luta armada. A anistia é sobre as acusações sem provas feitas pela ditadura.
Após a repercussão negativa, Marinho emitiu uma nota retirando as afirmações sobre Míriam Leitão, mas mantendo as demais. “Na entrevista concedida à CNN na data desta sexta-feira (31), a afirmação de que Míriam Leitão foi condenada e anistiada estava equivocada. Com relação aos demais citados, que foram condenados por crimes, reiteramos que foi a anistia o instrumento que permitiu a pacificação do país naquele momento e que deve, novamente, servir ao mesmo propósito”, escreveu.
A Lei da Anistia, de 1979, beneficiou tanto presos políticos quanto militares e agentes da repressão durante o regime militar.
A defesa de Marinho pela anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro reflete uma estratégia da extrema-direita para minimizar a gravidade dos crimes cometidos naquele dia.
O senador argumenta que a anistia seria uma forma de “pacificar” o país, assim como ocorreu após o regime militar. No entanto, especialistas em direito e história destacam que os contextos são distintos e que a comparação é inadequada.
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