Na mesma semana em que o governo dos Estados Unidos ofereceu recompensa de US$10 milhões para brasileiros que ajudarem a perseguir o Hesbolá, o jornal imperialista The New York Times (NYT) revelou que a Polícia Federal (PF) está perseguindo, a mando da CIA e com apoio do Mossad, supostos “espiões” russos no Brasil.
Em matéria publicada nesta quarta-feira (21), o NYT faz acusação caluniosa de que a Rússia teria transformado “o Brasil em uma linha de montagem para agentes infiltrados”, ou “como plataforma de lançamento para seus agentes de inteligência de elite”.
No entanto, o NYT alega que, de acordo com sua investigação (isto é, investigação de um jornal do imperialismo, que está em guerra contra a Rússia), “o objetivo não era espionar o Brasil, mas sim se tornar brasileiro”.
Segundo o jornal imperialista, os cidadãos russos alvos da investigação queriam se tornar brasileiro apenas como um disfarce: “uma vez disfarçados com histórias de fundo confiáveis, eles partiriam para os Estados Unidos, Europa ou Oriente Médio e começariam a trabalhar a sério”.
Mostrando o caráter calunioso das acusações, NYT cita como prova mensagens que Gerhard Daniel Campos Wittich, um cidadão brasileiro de 34 anos, cujo nome real seria Artem Shmyrev, teria enviado a sua esposa, Irina: “ninguém quer se sentir um perdedor” e “é por isso que continuo trabalhando e tendo esperança”. Mensagens que não provam nada.
O jornalismo marrom do NYT ainda diz que Irina também seria espiã russa. Da mesma forma, diz que haveria outros:
“Um deles abriu um negócio de joias. Outro era uma modelo loira de olhos azuis. Um terceiro foi admitido em uma universidade americana. Havia um pesquisador brasileiro que conseguiu emprego na Noruega e um casal que acabou indo para Portugal.”
Nenhuma prova é apresentada pelo jornal imperialista, apenas a afirmação de que “agentes de contrainteligência brasileiros têm caçado esses espiões de forma silenciosa e metódica” e que “através de um trabalho policial meticuloso, esses agentes descobriram um padrão que lhes permitiu identificar os espiões, um por um”.
Segundo informa o NYT, a investigação foi realizada pela Polícia Federal, por agentes de contrainteligência da “mesma unidade que investigou o ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, por planejar um golpe”, “golpe” este que nunca existiu e cuja história vai se mostrando cada vez mais uma farsa na medida em que o Supremo Tribunal Federal (STF) intensifica a perseguição contra Bolsonaro e os bolsonaristas.
Polícia Federal sob comando da CIA e com apoio do Mossad
O jornal imperialista diz que a suposta descoberta dos tais “espiões russos” seria fundamentada em “centenas de documentos e entrevistas”, e que “a investigação já abrangeu pelo menos oito países, disseram autoridades, com informações vindas dos Estados Unidos, Israel, Holanda, Uruguai e outros serviços de segurança ocidentais”.
Em outras palavras, novamente vê-se a Polícia Federal obedecendo às ordens da CIA e do Mossad, respectivamente agências de espionagem dos EUA e de “Israel”.
Se, ao menos desde a Operação Lava-Jato e o golpe de 2016, a Polícia Federal já havia se exposto como um órgão que atua contra o povo brasileiro a mando dos Estados Unidos, desde 7 de outubro de 2023, dia da revolucionária Operação Dilúvio de al-Aqsa, a PF vem se expondo cada vez mais como um órgão sob o comando direto do FBI, da CIA e do Mossad.
Mais adiante em sua matéria, o NYT revela expressamente que a Polícia Federal agiu a mando da CIA no caso dos supostos espiões russos, que a ordem foi dada logo após o início da Operação Militar Especial, medida defensiva tomada pela Federação Russa para impedir a então iminente agressão do imperialismo contra o país. Diz o NYT:
“No início de abril de 2022, poucos meses após as tropas russas entrarem na Ucrânia, a CIA passou uma mensagem urgente e extraordinária à Polícia Federal do Brasil.”
O jornal imperialista cita o caso de um suposto oficial de inteligência russo disfarçado, que teria sido detido pela PF em um aeroporto de São Paulo: “os norte-americanos relataram que um oficial disfarçado do serviço de inteligência militar da Rússia apareceu recentemente na Holanda para fazer um estágio no Tribunal Penal Internacional — justamente quando este começou a investigar crimes de guerra russos na Ucrânia”.
Segundo o NYT, “o aspirante a estagiário viajava com passaporte brasileiro sob o nome de Victor Muller Ferreira. Ele havia se formado na Universidade Johns Hopkins com esse nome. Mas seu nome verdadeiro, segundo a CIA, era Sergey Cherkasov”.
Em outras palavras, a CIA afirmou que a pessoa seria um espião russo, e a Polícia Federal brasileira o “manteve sob forte vigilância” após ele ter chegado em São Paulo, pois não tinha autoridade para prender Victor Muller Ferreira:
“Agentes da fronteira holandesa haviam negado sua entrada, e ele estava agora em um avião com destino a São Paulo. Com provas limitadas e poucas horas para agir, os brasileiros não tinham autoridade para prender o Sr. Cherkasov no aeroporto. Assim, por vários dias de ansiedade, a polícia o manteve sob forte vigilância enquanto ele permanecia em liberdade em um hotel em São Paulo.”
No entanto, o jornal imperialista expõe que a Polícia Federal, com auxílio do Judiciário, conseguiu um mandato para prendê-lo por “uso de documentos fraudulentos”. Mas, “isso acabou se revelando um caso muito mais difícil de sustentar do que qualquer um esperava”, pois o passaporte dele “era autêntico. Ele possuía o título de eleitor brasileiro, conforme exigido por lei, e um certificado comprovando que havia cumprido o serviço militar obrigatório”.
O jornal imperialista chega a afirmar que os agentes da PF teriam descoberto a suposta identidade real do suposto espião ao descobrir sua certidão de nascimento, mas o jornal apenas acusa, não prova nada.
A matéria do NYT volta a falar sobre Gerhard Daniel Campos Wittich, quem eles dizem ser Artem Shmyrev. Mas mais do mesmo ocorreu: acusações sem provas e supostas mensagens que ele teria trocado com sua esposa, bem como afirmações de que agentes da Polícia Federal descobriram isto ou aquilo.
Isto é, o mesmo modo de operação da imprensa brasileira com histórias e acusações caluniosas criadas quando da Operação Lava Jato, tanto na época do golpe contra Dilma, quanto na campanha para a prisão de Lula. Igualmente, invenções semelhantes ao que é feito atualmente na campanha de que Jair Bolsonaro teria tentado dar um golpe de Estado.
Não coincidentemente, o jornal o Estadão, imprensa que atua a serviço do imperialismo no Brasil e um dos principais jornais no golpe de 2016, reproduziu na íntegra a matéria do The New York Times.
Deve-se destacar que a revelação do ataque do imperialismo contra os supostos “espiões russos” no Brasil ocorre no mesmo mês em que o presidente Lula visitou a Rússia participando das comemorações do Dia da Vitória.
Poucos dias após a visita, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, informou que o Brasil irá firmar parceria com a estatal russa de energia nuclear, Rosatom, com a finalidade de desenvolver reatores nucleares para aumentar a produção de energia elétrica no Brasil.
Da mesma forma, ocorre em momento que se intensifica perseguição a todos que apoiam e lutam em defesa da Palestina e das organizações da resistência, contra o genocídio perpetrado por “Israel” e pelo imperialismo. Conforme noticiado por este Diário, no início desta semana, os Estados Unidos anunciaram, através de suas embaixadas em Brasília, Argentina e Paraguai, recompensa de US$10 milhões àqueles que ajudarem a perseguir o Hesbolá por supostas atividades na Tríplice Fronteira.
OUTRO LADO
O Diário Causa Operária solicitou posicionamento ao Itamaraty, Ministério da Justiça, Polícia Federal, Embaixada da Rússia e Embaixada dos Estados Unidos sobre as alegações que constam da publicação imperialista.
Até o fechamento desta edição, não obtivemos nenhuma resposta.