Considerado um dos momentos mais tumultuosos do período revolucionário francês, a revolta da cidade de Lião contra a Convenção ocorreu entre junho e novembro de 1793 e foi marcada por três fases distintas: a revolta da cidade contra o sistema vigente, as convulsões e a repressão.
O estudioso Bruno Benoit destaca que os eventos que antecederam a revolta se desenvolveram de forma inédita. Segundo ele, antes da era revolucionária em Lião, havia uma exasperação social entre tecelões e comerciantes-fabricantes lioneses.
“O clima se deteriora ainda mais após a aplicação, em outubro de 1790, da Constituição civil do clero. Igreja e fiéis lioneses se dividem”, descreve Benoit. Durante os meses que se estenderam entre o verão de 1792 e o outono de 1793, as tensões aumentaram. O movimento contra-revolucionário ganhou mais força quando Joseph Charlier, oficial municipal, tomou o controle da cidade com a ajuda de seus correligionários.
No entanto, os lioneses não apreciavam o programa socio-político do grupo baseado na palavra de ordem: morte aos ricos. Em 29 de maio de 1793, as seções moderadas tomaram a municipalidade e prenderam Charlier. “Lião se rebela contra Paris, a República e a Revolução”, esclarece o estudioso.
Não demorou para que o líder local dos revolucionários fosse o primeiro a ser decapitado na cidade no dia 16 de junho de 1793. O levante ecoou na Convenção, que iniciou o cerco à cidade em 7 de agosto. Liderada por Couthon, em seguida por Fouché e Collot d’Herbois, a repressão ao movimento de Lião teve a ambição de ter um caráter pedagógico contra todos os contra-revolucionários.
E a violência foi tão intensa que lioneses condenados pela comissão revolucionária foram decapitados na Praça des Terreauz. Em seguida, para acelerar o processo, outros tantos foram metralhados na planície des Broteaux, conforme explica Bruno Benoit. Ao todo, são contabilizados 1800 mortos em razão da rebeldia de Lyon contra a revolução.