A importância do partido político para a Revolução

Partidos políticos são amplamente rejeitados. Não só no Brasil, mas no mundo todo. Normalmente quando você fala que é vinculado a algum partido, as pessoas logo pensam que você é um potencial carreirista, querendo se eleger e viver de dinheiro público pelo resto da vida. Isso de fato se aplica para a maioria dos partidos no Brasil, mas não para os da dita “extrema-esquerda” (ou ao menos parte dela).

Parte dessa desvalorização dos partidos tem a ver com achar que partidos pequenos não servem para nada. Logo pensam que se o seu partido não tem ninguém eleito, ele jamais será capaz de provocar algum impacto significativo na sociedade. Evidentemente, isso é fruto de desconhecimento histórico. Lenin nunca venceu nenhuma eleição antes da revolução e ainda assim transformou profundamente a Rússia. Mao Tsé-Tung também nunca venceu eleição nenhuma antes da revolução e ainda assim transformou a China radicalmente. Fidel castro idem. Khomeini idem. Ho Chi Minh idem. A lista é extensa.

Apesar de não terem vencido eleições antes da revolução, todos tiveram de montar uma estrutura partidária para obter sucesso. Ninguém consegue fazer nada sozinho, e as transformações sociais profundas não são feitas por um indivíduo isolado, mas sim por grupos de pessoas que trabalham conjuntamente, de maneira coesa e com objetivos em comum. O partido político consegue juntar as pessoas que concordam com suas ideias e que estão dispostas a trabalhar em prol do programa partidário, diferentemente de diletantes políticos, que apenas têm boas ideias, mas não fazem nada conjuntamente para concretizá-las.

É importante saber que o partido político não pode ser apenas uma simples agremiação de pessoas. Essas pessoas devem estar preparadas politicamente, entender como a sociedade funciona e, caso o partido seja revolucionário, entender quais as premissas de uma revolução. Já afirmava Lenin que não há movimento revolucionário sem teoria revolucionária, então a preparação teórica é imprescindível. Caso contrário, teremos pessoas totalmente desorientadas, muitas vezes achando que estão agindo em prol da sua causa, mas na realidade agindo contra ela.

Quando a Revolução estiver chegando, o partido que a guiará não será necessariamente aquele com mais filiados ou aquele que tem o apoio da maior parte da população. Lenin não tinha o apoio da maior parte do campesinato nem da maior parte da população russa quando tomou o poder, mas tinha o apoio da maior parte da classe operária, que era o que importava naquele momento. No Brasil, algo semelhante ocorrerá. Considerando o desenvolvimento do capitalismo por aqui e a importância da classe operária no sistema produtivo, essa é a classe prioritária na qual devemos buscar apoio político. Afinal, se os operários decidirem parar os setores produtivos como as fábricas, o caos social será sentido em questão de horas (basta lembrar do efeito no curto prazo da greve dos caminhoneiros).

Não devemos perder tempo buscando apoio de banqueiros, bilionários, e burgueses no geral. Eles não vão nos apoiar. Temos de focar em quem realmente opera o sistema produtivo, sem os quais o sistema capitalista se torna insustentável: os trabalhadores. Isso só será possível com a junção das pessoas em um partido político. Um partido sério, que prepare seus militantes, que se preocupe com a análise de conjuntura e atue em consequência. Não um partido de carreiristas que apenas querem viver de cargos.

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