Em editorial, o Estadão manifestou seu desalento com o baixo nível dos governadores de direita que infestam o país. Com o título de “Aprendizes de Bolsonaro”, o editorial explode: “A direita brasileira que se pretende moderna e democrática, se quiser construir um legítimo projeto de oposição ao governo Lula da Silva, precisa romper definitivamente com Jair Bolsonaro e tudo o que esse senhor representa de atraso para o Brasil. Não se trata aqui de um imperativo puramente ideológico, e sim de uma exigência mínima de civilidade, decência e compromisso com os interesses nacionais”.

O editorial se refere ao apoio dado por governadores à truculência do presidente norte-americano Donald Trump. Aliás, essa posição comprometeu profundamente o apoio da mídia ao governador de São Paulo Tarcísio de Freitas.

Toda a tentativa de apresentar Tarcísio como gênio político foi água abaixo depois de seu malabarismo ante as medidas de Trump, deixando-o mal com São Paulo e mal com o bolsonarismo.

Mas, além dessas demonstrações esdrúxulas de falta de esperteza política, seria importante que a mídia se debruçasse sobre aspectos administrativos desses personagens.

Os ataques diuturnos a Lula tiveram dois componentes deletérios. O primeiro, o de ressuscitar o espírito do impeachment, episódio trágico que desarticulou todo o sistema político-institucional brasileiro, permitindo a ascensão do bolsonarismo. O segundo, foi fechar os olhos ao nível extraordinariamente medíocre de algumas administrações.

Tome-se o caso do incrível governador de Minas, Romeu Zema, que se celebrizou comendo banana com casca em redes sociais. Entre 2025 e 2028, Zema anunciou aumento de 15% nos benefícios fiscais concedidos a empresas. No período, significa um total de R$ 95,17 bilhões, sendo R$ 21,8 bilhões já em 2025. Esse montante equivale a 31% da arrecadação tributária estimada para o estado em 2025, que é de R$ 69 bilhões.

O setor mais beneficiado foi o de locadora de veículos, com isenções significativas de IPVA. Logo, um setor que não gera mais empregos, não tem cadeia produtiva e não investe em inovação. Escondeu também os nomes dos beneficiários.

Outro blefe administrativo é o governador gaúcho Eduardo Leite. A tragédia gaúcha fez com que o governo federal isentasse R$ 12 bilhões de pagamento de juros da dívida estadual, mais R$ 18,5 bilhões de transferências diretas. No total, foram R$ 81 bilhões.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o estado decidiu delegar aos municípios a formulação de estudos e projetos de restauração e prevenção a novos desastres.

Deixou de lado um princípio básico de hidrologia: rios e bacias hidrográficas são de responsabilidade dos estados, não dos municípios, por duas razões: o planejamento tem que ser integrado, porque obras em um município podem afetar a vazão em outros; e municípios não têm capacidade técnica para projetos complexos, como os hidrológicos.

A consequência foi que muito poucas obras foram executadas, deixando o estado à mercê de novas enchentes. Recentemente, o governo gaúcho alegou que obras de contenção de cheia podem demorar até seis anos.

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Last Update: 14/07/2025