A guerra na Ucrânia e a notícia
por Carlos Dantas
A proposta de cessar-fogo acordada entre EUA e Ucrânia é levada à Rússia duas semanas após a arenga entre Zelensky e Trump, na Casa Branca em Washington, no dia 28 de fevereiro. A TV com foco no conflito promove debate com repórteres e analistas, são vozes e entonações diferentes com interpretações parecidas. A sintonia das conclusões evita problemas que poderiam ocorrer com a pluralidade de opinião ao vivo.
Mídia russa afirma que Trump impôs a Zelensky a rendição da Ucrânia. Não entrar para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), seria item inegociável, já que foi a proposta da Rússia em 2022. Resumo, o cessar fogo negocia a condição que teria evitado a guerra. Os limites atuais dos territórios ocupados, serão a linha de defesa da Rússia, o direito ganho no campo de batalha já foi reconhecido, segundo a Sputnik.
Os ataques recrudescem enquanto a resposta de Putin não vem. É consenso que, ucranianos e russos se matam, a Ucrânia, o palco, vira terra devastada pelo teste de força da Rússia e China versus EUA e Europa. O imenso cemitério de ucranianos é segredo de estado de Zelensky e pode ser visto nas fotos alternativas. O número dos mortos russos é mais um mistério do Kremlin.
Zelensky e Trump tinham encontro marcado, um foi comediante na TV e o outro ator e empresário da mídia. A associação com fins lucrativos foi bem sucedida em eleições da Ucrânia e dos EUA. No exercício do poder os dois voltaram a atuar, agora juntos, diante das câmeras da TV. Com o vice-presidente Vance, disputaram suas zonas de interesse no mundo, os três homens sentados no Salão Oval da Casa Branca.
Naquele dia a irritação de Trump com Zelensky tem motivo por trás da cena: a venda das terras raras para o Reino Unido. E agora, como pagar os bilhões de dólares de ajuda dos EUA? Mídias alternativas afirmam que o primeiro-ministro Starmer está de posse do contrato dos minérios estratégicos da Ucrânia, por cem anos. No contexto, extrapolou para a Europa o mau humor mineral de Trump. Desce a cortina no cenário com o bandido Putin e o herói Zelensky, o teatro arrecadou emoções e recursos, ao longo de três anos.
A mídia, passa desconforto com a volta de Trump mentindo mais perto da verdade. Putin agradece ao Brasil e aos países do BRICS, Índia, China, África do Sul, as propostas de paz. Acena para onze países que hoje estão no BRICS, o riso velado faz diplomacia, enquanto amadurece a aliança Rússia-EUA sinalizada por Trump. O pesadelo da Europa é uma costura entre EUA, Rússia e China, seguindo a lógica do teste de força persistente na guerra da Ucrânia. Outro caminho leva para a mesa de negociação a pobreza tecnológica do mundo.
A alternativa ao dólar inviabiliza, na retórica de Trump, qualquer inovação. O Brasil e o Sul Global no BRICS recebem o aviso já esperado, uma vez que o sistema financeiro e a mídia operam com o valor do dólar hoje, a oscilação da bolsa de valores, o teto de gastos. Esquecem as irmãs ciência e tecnologia nacionais e também a mãe do sucesso da economia que é a educação.
A pobreza tecnológica tem as suas urgências: a fome no mundo mata uma pessoa a cada quatro segundos. Hoje, qualquer pessoa pode acessar um código de inteligência artificial e trabalhar com as próprias ideias. Lidando com a complexidade, o Brasil desenvolveu a estratégia para incluir os temas urgentes, que se tornaram marca na agenda atual do BRICS. Desafios crescentes revelam falha na comunicação, certamente, o primeiro passo para compartilhar o conhecimento com a humanidade.
Com todo respeito parodiamos Fernando Pessoa:
navegar nova mídia é preciso, pois, viver é preciso
Carlos Costa Dantas – Professor aposentado do Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco
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