O ministro israelense das finanças, Bezalel Smotrich, declarou em conferência que matar os palestinos de fome é “certo e moral”, mas que o mundo não permitiria. No contexto, ele falava sobre a permissão de entrada de ajuda humanitária em Gaza, uma decisão que ele considerava equivocada devido à pretensão do governo e do Estado do qual faz parte de aniquilar a população da Faixa de Gaza.
Smotrich disse que considerar um possível acordo com o Hamas para libertação dos reféns conforme a proposta atual seria um erro, pois poucos prisioneiros seriam liberados e isso colocaria “Israel” em perigo, mancharia “as conquistas” de guerra do “país” e permitiria uma recuperação do Hamas. Segundo o ministro, “do meu jeito, há uma chance de trazer todos de volta”, fazendo referência ao uso da fome para aniquilar os palestinos.
Na mesma fala na conferência, o ministro das finanças do governo Netanyahu criticou os manifestantes israelenses que estão pressionando o governo a aceitar o acordo com o Hamas com o lema “acordo agora e a qualquer custo”, os chamando de imprudentes.
Suas falas agressivas e chamativas não começaram hoje. O ministro Smotrich já havia feito discursos nesse sentido, quando, em abril, chamou pela aniquilação das cidades de Rafah, Deir al-Balah e Nuseirat em Gaza, dizendo que “não há medidas pela metade” e citando versículos da Torá.
Contudo, o discurso agressivo do ministro das finanças, do restante do governo e das forças de ocupação sionistas, na verdade, esconde ou tenta esconder a fraqueza do governo de Netaniahu e do Estado de “Israel” na contenção da crise atual. Afinal, a necessidade do uso da fome como arma indica um fracasso da via militar e não conseguirem sequer fazer isso plenamente pela pressão imposta pela resistência palestina dentro e fora do país indica um fracasso ainda maior e mais geral.
Nesse sentido, o fato de eles não conseguirem impedir completamente a entrada de ajuda humanitária em Gaza é reflexo direto das grandes manifestações em defesa da palestina, as quais estão ocorrendo nos países imperialistas que financiam o genocídio, e também das ações do Eixo da Resistência; o fato de não conseguirem aniquilar as três cidades das quais Smotrich falou em abril também foi consequência de fracassos militares sucessivos perante a guerrilha palestina.
Além disso, “Israel” vem utilizando táticas de apagamento da identidade dos mortos desde o início de sua operação genocida em resposta ao 7 de outubro. A situação mais recente, conforme apontado pela Defesa Civil do governo palestino na Faixa de Gaza em um comunicado oficial emitido pelo Escritório de Imprensa neste dia 5 de agosto, foi da entrega dos corpos de 89 pessoas sem suas identidades e sem dizer de onde eram.
O comunicado da Defesa Civil palestina também relatou que “Israel”, desde o início da mais recente operação genocida na Faixa de Gaza, sequestrou mais de 2000 corpos de palestinos assassinados, por meio do roubo de sepulturas de áreas ocupadas, grande parte dos quais continuam sob a posse das tropas sionistas. Dessa forma, quando a Defesa Civil de Gaza recebe esses corpos ou encontra valas comuns, como já denunciado anteriormente neste diário, ela não sabe se os corpos vieram dos mortos nos hospitais, dos prisioneiros capturados, das vítimas dos bombardeios ou de mortos em terra.
Veja a denúncia de valas comuns feitas pelas forças sionistas de ocupação para os palestinos assassinados publicada neste diário:
Valas comuns mostram novo show de horrores da ditadura sionista
Esse tipo de prática de apagamento da identidade dos mortos é típica dos genocídios, fazendo parte de um leque de políticas de apagamento cultural, como a proibição de cultos religiosos, a destruição do patrimônio histórico e etc. Isso se soma aos bombardeios da população civil, ao uso da fome como tática de guerra, tal qual o ministro das finanças de “Israel” declarou querer fazer com maior intensidade e ao ataque de civis pelas tropas em terra para montar uma operação muito agressiva de genocídio.
Toda essa agressividade, no entanto, seria desnecessária se fosse possível manter a velha prática de ocupações que levavam a um genocídio em escala mais lenta, datadas de antes do 7 de outubro. Ela passa a ser necessária, pois a situação de “Israel” se tornou insustentável pela ação coordenada de uma frente única de resistência de dezenas de grupos dentro e fora da Palestina. É um sinal de que os sionistas estão partindo para o tudo ou nada e, até agora, o resultado de fracassos sucessivos de seus ataques após o 7 de outubro indica mais um nada do que um tudo.