A Folha ficou sozinha na tentativa de desqualificar o trabalho de Alexandre de Moraes e acionar de novo a extrema direita com a história do impeachment. Ficou tão sozinha que o Globo chegou a produzir a seguinte manchete nessa quinta-feira:
“Juristas alertam para ‘acúmulo de função’, mas veem respaldo a decisões de Moraes”
“Atuação de assessores de Moraes fora do rito pode abrir brecha para nulidade”
E o que os conteúdos de um e outro tinham de diferente? Quase nada. A Folha foi atrás de meia dúzia de especialistas que pudessem confirmar a manchete da véspera contra Moraes, por causa da desobediência a ritos.
Os juristas especialistas derrubaram a manchete do jornal, com observações pontuais e minoritárias sobre anormalidades nos tais ritos.
Mesmo assim, mesmo que a maioria tenha desqualificado a manchete, a Folha produziu o título ao alto, que não fecha com o texto sobre os especialistas. E escreveu um editorial contrariando o que dizem os juristas entrevistados.
E o Estadão? O Estadão, até a tarde dessa quinta-feira havia reproduzido o conteúdo da Folha, entregando aos seus articulistas a tarefa de defender o bolsonarismo e a ideia de que o inquérito das fake news pode ser anulado.
O Estadão usou seus dois principais juristas, William Waack e JR Guzzo, para defender Bolsonaro e sua turma. Ambos são, além de grandes juristas, os dois jornalistas mais admirados pela audiência do fascismo.
Esse é o jornalismo brasileiro, que viveu um fato inédito hoje. O Globo atirando na manchete da Folha, enquanto nenhum dos outros jornalões se mostrava disposto a gastar tempo e repórter para acompanhar a ‘denúncia’ de Greenwald e atirar mais osso à cachorrada do bolsonarismo.
Publicado originalmente no blog do autor