
O matcha, tradicional chá verde japonês de cor vibrante e sabor marcante, virou objeto de desejo em cafeterias e redes de fast food ao redor do mundo. De lattes no Starbucks, no Reino Unido, a donuts na Krispy Kreme, em Singapura, o ingrediente se tornou estrela de cardápios e protagonista nas redes sociais. A hashtag #MatchaTok já acumula dezenas de milhões de visualizações, alimentando a onda global.
O aumento da demanda, impulsionado também pelo turismo no Japão e pela desvalorização do iene, tem pressionado estoques e encarecido o produto. Importadores relatam que cargas que antes duravam um mês agora acabam em dias, com cafeterias pedindo até um quilo por dia para atender clientes. Nos últimos meses, a situação se agravou: ondas de calor em regiões produtoras, como Kyoto, comprometeram a safra da tencha — a folha usada no preparo do matcha — enquanto os EUA impuseram tarifas de 15% sobre produtos japoneses, elevando ainda mais os preços.

Produtores e mestres de chá relatam que turistas esvaziam prateleiras em cidades como Uji logo na abertura das lojas. Para conter o excesso, alguns estabelecimentos limitam a venda a uma lata por cliente. Já redes tradicionais, como a Chazen, aumentaram seus preços em até 30% neste ano. Mesmo assim, a produção de matcha quase triplicou entre 2010 e 2023, e as exportações de chá verde japonês cresceram 25% em 2024, movimentando R$ 1,39 bilhão.
Diante da escassez, cresce um movimento por consumo consciente. Especialistas defendem reservar o matcha de alta qualidade para cerimônias tradicionais e consumo puro, estimulando o uso de versões mais simples em receitas e bebidas. Ainda assim, distribuidoras como a Mizuba Tea Co., nos EUA, alertam que a pressão sobre os estoques continuará no curto prazo. Para empresários do setor, o boom deve se estabilizar em até três anos, quando o mercado deixar de pagar preços altos por matcha de baixa qualidade. Até lá, a corrida global pelo chá verde japonês mais famoso do mundo promete continuar inflacionando prateleiras.