Operação Overclean, da Polícia Federal, escancara que dinheiro de emendas virou moeda de troca em um esquema que secou obras e alimentou propinas em prefeituras baianas


Nesta sexta-feira (27), a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deram início à quarta fase da Operação Overclean, que investiga um esquema suspeito de fraudes em licitações, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro. A ação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), resultou no cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão e na determinação de afastamento cautelar de três servidores públicos em cidades baianas.

De acordo com as investigações, os alvos da operação estariam envolvidos em um sistema de propinas em troca da liberação de emendas parlamentares destinadas aos municípios de Boquira, Ibipitanga e Paratinga entre os anos de 2021 e 2024. Os mandados foram executados em Salvador, Camaçari, Boquira, Ibipitanga e Paratinga, com o apoio de agentes da Receita Federal.

Entre as irregularidades apuradas estão:

  • Organização criminosa;
  • Corrupção ativa e passiva (pagamento e recebimento de vantagens indevidas);
  • Peculato (desvio de dinheiro público);
  • Fraude em licitações e contratos administrativos;
  • Lavagem de dinheiro.

Contexto da Operação Overclean

Esta nova etapa dá continuidade a uma série de ações contra o mesmo esquema. Em abril deste ano, a PF realizou a terceira fase da operação, que teve como um dos alvos o empresário Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”. Moura, que já havia sido preso na primeira fase, é apontado como líder de uma organização que desviou cerca de R$ 1,4 bilhão por meio de fraudes em licitações e manipulação de contratos públicos.

Na mesma ocasião, familiares do empresário Alex Parente, considerado sócio de Moura, também foram alvo de mandados. Parente já era investigado por destruição de provas e tentativas de atrapalhar as investigações.

Alvos e prejuízos ao erário

As investigações revelam que o esquema atuava principalmente no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), com foco na Coordenadoria Estadual da Bahia (CEST-BA), além de outros órgãos públicos. Segundo os investigadores, os criminosos direcionavam verbas de emendas parlamentares e convênios para empresas e pessoas ligadas a prefeituras, utilizando superfaturamento em obras e outros mecanismos de desvio.

Impacto nos municípios envolvidos

As cidades de Boquira, Ibipitanga e Paratinga, que teriam sido beneficiadas pelas emendas desviadas, enfrentam dificuldades financeiras e atrasos em obras públicas. Moradores relatam que recursos que deveriam ter sido aplicados em saúde, educação e infraestrutura simplesmente não chegaram ou foram utilizados de forma irregular.

A PF e a CGU continuam analisando documentos apreendidos e devem apresentar novas denúncias ao STF nos próximos dias. Enquanto isso, os servidores afastados terão seus casos avaliados pela Justiça, que decidirá se as punições serão mantidas ou convertidas em outras medidas.

Esta operação reforça o combate à corrupção em esferas municipais e demonstra como esquemas complexos podem desviar recursos essenciais para comunidades carentes. A população aguarda respostas e espera que os responsáveis sejam punidos com rigor.

Com informações da CNN*

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 27/06/2025