O colunista de um dos principais porta-vozes do imperialismo no País, o jornal O Globo, o jornalista João Pedro, produziu uma carta de amor ao terror imperialista no artigo A direita brasileira torce para Kamala Harris (23/7/2024), afirmando que o “antiamericanismo sectário é parte constituinte da direita brasileira, a ponto de preferir e admirar opções autoritárias, radicais, misóginas, homofóbicas e inimigas dos direitos humanos”. Para o articulista, uma eventual vitória de Kamala Harris na disputa presidencial seria positiva porque “teremos no cargo mais poderoso do planeta uma mulher, filha de imigrantes, e com certa simpatia pelas causas identitárias”.

Na tentativa tipicamente burguesa de passar-se por um ser humano equilibrado, João Pedro concede ao “antiamericanismo sectário” e lembra que “de fato, os poderosos dos Estados Unidos têm sua parcela de culpa com o ranço” e que “por décadas patrocinaram golpes de Estado pelo mundo afora, em pânico com a ameaça comunista que muitas vezes era apenas paranoia da população, atemorizada com exemplos como o de Cuba ou do Vietnã”. Na sequência, porém, contrapõe o argumento com a seguinte pérola:

“Por outro lado, os Estados Unidos são também o maior palco das lutas LGBTQ, dos movimentos feministas, dos direitos para os negros, da liberdade sexual, da liberdade individual, da cultura pop”.

Ora, o que é a opressão criminosa de toda uma nação comparada com o novo álbum da Madonna? Para o jornalista do O Globo, se a imposição de um regime de terror a um país atrasado como o Brasil durante 21 anos permitir o surgimento de um fenômeno musical como Janis Joplin, tudo bem.

Derrubar regimes e impor ditaduras terroristas não apenas contra o Brasil, mas contra todos os povos oprimidos do planeta é plenamente justificável para o autor, assim como a fome de bilhões de vítimas da política neoliberal imposta à força pelas armas, uma vez que há uma suposta liberdade sexual no país, na cabeça de João Pedro. Crianças africanas, asiáticas e latino-americanas famélicas, e todo o horror sionista contra o povo palestino, são secundários perto das “lutas LGBTQ”. Um raciocínio que só poderia fazer sentido a um nazista.

Por falar em nazismo, não custa lembrar que parte do objetivo da matéria é defender uma criminosa do gabarito de Kamala Harris, que, diante do resultado da política norte-americana para a América Latina, que levou milhares de desesperados das repúblicas da América Central a migrarem para os EUA, a “mulher, filha de imigrantes, etc., etc., etc.,” posicionou-se exatamente como os piores elementos da extrema direita, que jura combater: “não venham”, disse. Sionista, Harris é uma notória defensora dos crimes brutais cometidos por “Israel” contra o povo palestino, sendo financiada pelo criminoso lobby sionista AIPAC e orgulhando-se de ajudar a desviar dezenas de bilhões de dólares do tesouro americano, não para os interesses de uma população cada vez mais empobrecida, vitimada pelas drogas e por toda sorte de expressões da desesperança, mas para ajudar “Israel” a martirizar os palestinos e manter sua cruel ditadura contra o povo árabe.

A absoluta falta de empatia disfarçada pelo verniz identitário, no entanto, ganha seu contorno social mais definido no parágrafo que se segue:

“De acordo com o presidente Lula, inclusive: ‘Americano pensa em americano em primeiro lugar, pensa em americano em segundo lugar, pensa em americano em terceiro lugar (…) e, se sobrar tempo, pensa em americano. E ficam os lacaios brasileiros achando que os americanos achando que os americanos vão fazer alguma coisa por nós. Quem tem de fazer por nós somos nós!’. Taí o que nosso principal político acha dos vizinhos do continente americano.”

Ora, o mínimo que se espera de um governante é um compromisso com o povo do país para o qual foi eleito para governar. Porque o Brasil deveria ser diferente é um mistério completo, mas explica a total indiferença da ultra-reacionária e americanófila direita “brasileira” com o povo deste País e porque a intervenção dos EUA nos assuntos brasileiros pode ser relativizado por bobagens insignificantes.

O desprezo de João Pedro pelo Brasil e pelos demais povos oprimidos pela política imperialista é um fenômeno social, sendo a expressão do que pensa o pior e mais poderoso setor da burguesia mundial, que, nos EUA, apoia Harris com afinco, valendo-se de um vale-tudo para tornar agradável uma mulher que foi promotora e notória encarceradora do povo negro do país, o mesmo que demagogicamente jura que irá representar. É também a expressão de uma classe totalmente indiferente ao sofrimento que inflige às massas brasileiras, que podem ser brutalizadas à vontade, desde que nazistas possam escutar a “maravilhosa” música pop americana. Um ótimo retrato das inclinações políticas reais dos apoiadores de Harris.

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Última Atualização: 25/07/2024