
A extrema direita brasileira, inimiga da pátria, e a questão venezuelana
por Roberto Bitencourt da Silva
Por anos a fio, amplos setores das esquerdas culturais e políticas do Brasil têm manifestado muita suscetibilidade à estridente campanha do imperialismo ianque contra a experiência chavista, bolivariana, socialista e anticolonial da Venezuela. Essa campanha repercute especialmente nos principais veículos massivos e comerciais de comunicação, que guardam uma postura de agência de informações do establishment estadunidense.
Os dóceis tributos pagos à cantilena made in USA, a respeito de uma pretensa “tirania” imposta pelo chavismo no país vizinho e coirmão, são também símbolo de um esvaziamento da agenda e de uma saliente desnutrição da capacidade transformadora das perspectivas e ações das esquerdas brasileiras.
Estas, há tempos, encontram-se convencionalmente prontas para a adaptação aos paradigmas imperialistas e neoliberais do poder, que prevalecem em escala nacional e internacional. Pois bem. É com direitas declaradas e ativamente antipatrióticas, que agem à luz do dia sempre em desfavor dos interesses nacionais e populares, em nauseante colaboração com os ímpetos agressivos do imperialismo estadunidense, é com essas direitas que o chavismo lida há décadas. Direitas flagrantemente entreguistas e lesivas à pátria de Simon Bolívar.
Tão entreguistas quanto as nossas direitas, ainda que muito melhor coordenadas, política e financeiramente, com as agências de poder dos Estados Unidos, do que as direitas bolsonaristas. Estas estão agindo despudoradamente sob a cobertura do governo dos EUA, contra o Brasil. Inadmissível atitude antipatriótica. Apoiar aumento de taxas comerciais, com o propósito de sancionar e humilhar politicamente o país, movimentar-se para fazer com que nossas instituições, leis e interesses domésticos fiquem acadelados aos geointeresses de uma potência estrangeira: isso consiste em alta traição!
Se estivéssemos envolvidos em um aberto e encarniçado estado de guerra, não seria exagero declarar que esses segmentos políticos antinacionais da extrema direita são inimigos da pátria, traidores que deveriam ser punidos com o rigor compatível com os crimes lesa pátria que cometem. São uns “Calabar”, como se referiu Brizola a FHC faz bastante tempo.
Isso posto, um olhar mais matizado sobre a experiência do chavismo na Venezuela, mais solidário, como também uma visão menos aculturada pela narrativa imperialista pró-ianque, são práticas que o momento brasileiro pode bem estimular à reflexão de importantes faixas dos grupos progressistas do Brasil.
Roberto Bitencourt da Silva – historiador e cientista político, presidente da Ades Faetec, Seção Sindical do ANDES-SN.
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