No artigo A estranha manchete da Folha que desqualifica os ministros do Supremo, publicado neste sábado (28) no Brasil 247, o jornalista Moisés Mendes tenta o impossível para livrar a cara do Supremo Tribunal Federal, a cada dia mais detestado pela população.

O texto tenta dar a entender que a Folha de S. Paulo, um jornal da burguesia imperialista e golpista, manipularia pesquisas para diminuir a popularidade dessa instituição tão ou mais golpista que é o Supremo. O artigo diz que “há um erro deliberado grave no retrato que a Folha apresenta para exaltar os ‘militares’ e depreciar os juízes do STF”.

Apresentando a perseguição do STF contra bolsonaristas e mesmo contra generais como um grande feito, Mendes exulta:

Aconteceu agora, em junho. Pela primeira vez, um general ficou diante de um juiz no Brasil. Pela primeira vez, um general disse a um juiz, para informar de onde falava no depoimento virtual: estou preso. Pela primeira vez, um juiz respondeu a um general preso: eu sei, eu que decretei”.

O artigo continua, informando que “foi em 10 de junho, com Braga Netto diante de Alexandre de Moraes. A Folha informa agora, 17 dias depois dessa cena transmitida ao vivo, que 58% dos brasileiros têm ‘vergonha dos ministros do Supremo’. E que apenas 36% têm vergonha dos ‘militares’”.

O texto da Folha, ao contrapor “ministros do Supremo” a “militares”; e não, por exemplo, “generais”, não deixa margem para dúvida. Quer proteger esta instituição de quaisquer desgastes.

Para Mendes, “o texto, baseado em pesquisa do instituto do grupo, resultou nessa manchete: ‘Datafolha: 58% dizem ter vergonha dos ministros do STF; 30% falam em orgulho’. A manchete provoca espanto”, mostrando que a esquerda pequeno-burguesa não entende os sentimentos da classe trabalhadora, que vê no Supremo uma corte autoritária, uma instituição do Estado que está aí para oprimir.

Segundo ele, “primeiro, o espanto: como a instituição que enfrenta o golpismo provoca vergonha entre 58% dos brasileiros? Espante-se quem quiser se espantar”. Espantoso, na verdade, é que setores da esquerda estejam apoiando uma corte golpista.

Espanta muito mais a rasgação de seda de Mendes que diz que “ministros do Supremo são os juízes da mais alta Corte do país e estão expostos agora a todo tipo de julgamento, principalmente pelo protagonismo heroico de Alexandre de Moraes”.

É preciso que Mendes diga por onde andava o “protagonismo heroico” de Moraes quando o general Villas-Bôas, em 2018, ameaçou botar os tanques na rua se o Supremo não mandasse Lula para a cadeia. No caso de Moraes, para se fazer justiça, a ameaça nem caberia, pois o glorioso ministro fez pouco caso da Constituição e votou contra o habeas corpus em favor do à época ex-presidente.

O tuíte de Villas-Bôas deixou claro que o Supremo não pode barrar golpe nenhum, apenas obedeceu. Também prova que em 8 de janeiro de 2022 não havia ameaça de golpe, esse julgamento é uma farsa.

É falso que STF esteja lutando contra o golpismo. De fato, como vem ocorrendo desde, pelo menos, o julgamento do Mensalão, essa corte é peça fundamental para o golpe, que agora entra em nova fase.

O golpe consiste em tirar da eleição Jair Bolsonaro e Lula, os dois únicos candidatos com voto, para que então se eleja alguém da ‘terceira via’, um presidente que seja ferozmente privatista e autoritário para poder aprofundar a política neoliberal exigida pelo imperialismo.

Mendes faz todo um esforço para tentar salvar os ministros do Supremo. E já que havia falado em espanto, é espantoso que setores da esquerda, que protestaram contra a indicação de Alexandre de Moraes, venham a público defender, chamar de herói, um aliado de Michel Temer.

O autor, protestando contra o jornal burguês, diz que “militares e Forças Armadas não são equivalentes a ‘ministros do Supremo’”. E grita: “a Folha não diz que o sentimento é em relação ao Supremo, mas aos ministros. Carimbou nos ministros a ‘vergonha’, porque eles, os da Primeira Turma, enfrentam o golpismo. E fez média com os fardados, referindo-se à imagem dos ‘militares’”.

Moisés Mendes não percebe, mas a população não precisa de manipulações da Folha de S. Paulo para não gostar do STF, na verdade, a popularidade dessa corte vem caindo constantemente. Quem pode achar normal, além de uma esquerda aloprada, que uma mulher seja condenada a 14 anos de prisão por passar batom em uma estátua?

Alexandre de Moraes votou para condenar a 17 anos de prisão o homem que sentou em sua cadeira. Isso é justiça, ou mera vingança? A população, é bom que a esquerda pequeno-burguesa acorde para a realidade, não apoia esse tipo de aberração jurídica. É por isso que o STF afunda na impopularidade.

O que esses defensores de Moraes estão fazendo, na prática, é jogar a classe trabalhadora nos braços do bolsonarismo e ajudam a deteriorar a base de sustentação do governo Lula.

Ainda que as direções da extrema direita façam demagogia com a questão das perseguições, e mesmo nas questões das liberdades democráticas, os setores da base bolsonaristas percebem que sim, que o Supremo está violando a Constituição.

Todos esses que se dizem de esquerda e apoiam o STF estão, na verdade, servido de linha auxiliar para o golpe de Estado que se está gestando no Brasil. E, mais uma vez, se vitorioso, será dado “com Supremo, com tudo”.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 30/06/2025