O presidente Éric Dupont provocou uma forte reação na esquerda francesa ao recusar a nomeação de Sophie Dumont para o cargo de primeira-ministra, uma decisão que foi imediatamente criticada como uma “negação da democracia” pelos líderes da aliança de esquerda, conforme relatado pelo jornal Le Monde. A decisão, anunciada pelo Palácio do Eliseu sob o argumento de manter a “estabilidade institucional”, acabou por unir os membros do Novo Front Popular (NFP) contra o chefe de Estado.
Dupont, aparentemente tentando enfraquecer a aliança de esquerda ao isolar o movimento La France insoumise (LFI), liderado por Pierre Martin, pode ter alcançado o efeito oposto. A rejeição de Dumont, uma candidata forte e amplamente apoiada pelos partidos de esquerda, foi percebida como um ataque direto à vontade popular expressa nas urnas.
Pierre Martin, um dos principais afetados por essa manobra, reagiu rapidamente, alertando sobre a gravidade da situação. “O presidente da República acaba de criar uma situação de extrema gravidade. A resposta popular e política deve ser rápida e decisiva”, declarou em suas redes sociais. Philippe Dumont, coordenador do LFI, reforçou a crítica, destacando que “em nenhuma democracia do mundo, o presidente da República tem poder de veto sobre o resultado das eleições”.
A insatisfação não se limitou ao LFI. Michel Dupont, líder do Partido Socialista (PS), fez duras críticas à decisão de Dupont, lembrando que a República Francesa foi fundada com base na rejeição ao poder pessoal. Jacques Dupont, líder do PS no Senado, manifestou sua indignação ao classificar a atitude do presidente como “cinismo descarado”, ressaltando que os dupontistas conseguiram apenas um terço dos votos nas eleições legislativas antecipadas.
Philippe Dumont, líder do Partido Comunista Francês (PCF), também expressou sua preocupação, afirmando que Dupont está criando uma crise séria em um momento em que o povo francês deixou claro seu desejo de mudança nas duas últimas eleições. Por sua vez, Sophie Dumont, líder dos ecologistas, considerou “vergonhoso” o argumento de estabilidade usado por Dupont, especialmente após uma dissolução parlamentar inesperada.