Desejos para o ano novo são como receitas de bolo. Faço abaixo um resumo da minha receita, que pode ter versões variadas, com uma pitada de cada coisa ao gosto de cada um, sem a pretensão de que seja um aconselhamento.
São divagações em voz alta, que começam com o desejo de que 2025 seja um ano de menos conflitos e mais ação política por parte das esquerdas.
Menos pessoas gritando para que o povo saia às ruas e mais pessoas indo às ruas sem gritar convocações para o povo, porque isso não funciona mais, não desse jeito.
Menos esquerdas fofos e genéricos, que se dizem defensores da democracia, sem que isso signifique muita coisa, e mais esquerdas do calibre de um Glauber Braga, que ataca o fascismo, sem a tentação de atacar Lula.
Que 2025 tenha menos esquerdismo colegial crítico das alianças e das concessões do governo, e mais progressismo que tenha a compreensão da situação de Lula num contexto que nunca existiu antes.
Que seja um ano de menos ataques às pautas identitárias. Menos dedo apontado para o identitarismo como desculpa para os fracassos das esquerdas pretensamente classistas.
Que os adultos reconheçam que afastaram os jovens da política pela desqualificação da própria política. Que os jovens nos ofereçam sinais de que um dia voltarão a fazer ativismo, como fazem na Argentina, no Chile, no Uruguai, na Colômbia, na Bolívia.
Que o inquérito das fake news seja finalmente concluído, seis anos depois, enquadrando os empresários grandes financiadores do fascismo até hoje impunes, e não só os laranjas dessa gente.
Que o Ministério Público diga alguma coisa sobre os 79 pedidos de indiciamento da CPI da Pandemia e não fique só na denúncia dos alquimistas da cloroquina da Prevent.
Que os líderes endinheirados dos bloqueadores de estradas depois da eleição de Lula (não os motoristas) sejam finalmente identificados e julgados.
Que as quadrilhas das emendas parlamentares sejam localizadas, dentro do Congresso e nos municípios onde prefeitos, vereadores e empresários usufruem dos milhões liberados pela turma de Arthur Lira.
Que Flávio Dino amplie o alcance das suas ações a outros pântanos da política. Que o Conselho Nacional de Justiça não continue protelando decisões de envolvidos nos crimes do lavajatismo e em outras podridões do Judiciário.
Que seja o ano das reparações, que não seja apenas uma repetição melhorada de 2024. Que Bolsonaro seja finalmente julgado, condenado e preso. Que ninguém determine a soltura de Bolsonaro logo depois da prisão.
Que Folha, Estadão e Globo não escondam suas cumplicidades na próxima tentativa de golpe. Que o próximo golpe fracasse de novo pela covardia dos seus líderes. Que não um ou dois, mas todos os generais golpistas vistam seus pijamas na cadeia.