Finalmente, após tantos anos, tantas perdas e sofrimentos, chegamos à semana do primeiro julgamento que poderá levar Jair Messias Bolsonaro para uma cela de prisão. A sensação que tenho é de que a Justiça começa a ser feita, a verdade a ser restabelecida. No caso deste julgamento, justiça pela tentativa de um golpe de estado felizmente derrotado antes que levasse o país às trevas.
Bolsonaro não será condenado por fazer oposição a Lula, ao PT ou à esquerda, como tenta fazer crer. Será condenado por encabeçar uma conspiração que pretendia abolir o Estado Democrático de Direito e implantar uma ditadura de consequências inimagináveis. Basta revisitar suas ações, entrevistas e frases para saber que sempre alimentou um projeto de ódio e de morte. Inúmeras vezes verbalizou este desejo, como fez ao defender a tortura e dizer que a ditadura de 1964 só errou por ter matado poucos oposicionistas.
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Revisitar as falas desse senhor causa nojo e deixa evidente que sempre desprezou e odiou negros, mulheres, empobrecidos, indígenas, artistas, humanistas, homossexuais, pessoas incapacitadas, os vulneráveis, os sem terra e os sem teto (a lista é imensa); sempre desprezou e odiou a Cultura, a Educação, a Ciência e os Direitos Humanos. Estas seriam as principais vítimas da ditadura que planejava instalar no Brasil.
Bolsonaro simboliza uma extrema direita nazifascista e entreguista que tantos danos causou e ainda causa ao país. Ele, seus filhos e seus “parças” conspiraram e continuam conspirando contra o Brasil. É preciso detê-los.
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Aguardo a condenação de Bolsonaro não como um ato de vingança ou de justiçamento, mas como o primeiro ato de justiça ao povo brasileiro e de compromisso com a verdade. Devemos isso aos 700 mil mortos pela covid, aos milhares de parentes e amigos que perderam entes queridos na pandemia, a todas as pessoas vilipendiadas pelo vomitório verbal de Bolsonaro, aos trabalhadores e trabalhadoras, às mulheres, aos negros, homossexuais, professores, artistas, excluídos, cientistas, povos originários desta terra e, hoje, às vítimas do tarifaço armado com Donald Trump. Aguardo a condenação de Jair Messias Bolsonaro e seus cúmplices na trama central do golpe como um primeiro passo em direção à restauração plena da Democracia brasileira.
Por isso, vou comemorar quando a sentença for proferida e o martelo bater. Para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça.