A reviravolta na campanha presidencial americana, após Joe Biden renunciar à disputa, é a principal manchete da imprensa francesa nesta segunda-feira (22). Além da questão da indicação de Kamala Harris para substituí-lo, que será abordada na convenção democrata de agosto, em Chicago, também foi aberta a vaga para um novo candidato a vice.
A maioria dos analistas franceses acredita que ele ou ela deve sair de algum dos chamados “swing states”, ou estados-pêndulos, que costumam variar na escolha entre os candidatos republicanos ou democratas.
Kamala Harris já teve o apoio explícito de Biden, mas tinha concorrentes, mostra o jornal Le Figaro, “todos menos conhecidos do que ela”. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, foi citado várias vezes e considerado um ótimo orador. Mas ele já manifestou apoio à escolha de Biden.
“Com nossa democracia em risco e o futuro por um fio, ninguém é melhor para processar o caso contra a visão sombria de Donald Trump e guiar nosso país por uma direção mais saudável do que a vice-presidente dos Estados Unidos da América, @KamalaHarris”, escreveu Newsom na rede X.
Tough. Fearless. Tenacious.
With our democracy at stake and our future on the line, no one is better to prosecute the case against Donald Trump’s dark vision and guide our country in a healthier direction than America’s Vice President, @KamalaHarris.
— Gavin Newsom (@GavinNewsom) July 21, 2024
Outra personalidade frequentemente citada é a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer. Ela lidera um estado com numerosa população trabalhadora e grandes comunidades negras e árabes – todos eleitorados que Joe Biden batalhou para conquistar, assinala o Le Figaro.
O democrata Josh Shapiro, outro peso-pesado do partido, governador da Pensilvânia, está à frente do maior estado-pêndulo dos Estados Unidos, determinante nas eleições de 5 de novembro.
Com a campanha partindo para uma segunda fase totalmente diferente, os democratas também têm interesse em escolher um vice que fale para o eleitorado branco e ultraconservador do interior dos Estados Unidos, que vê em Trump “um empreendedor” disposto a manter os Estados Unidos na liderança econômica mundial diante das ameaças internas – os imigrantes – e externas – a China e as guerras que consomem o orçamento do país.
Segundo uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada nos dias 15 e 16 de julho, logo após a tentativa de assassinato contra Donald Trump, Kamala Harris e o republicano estavam em empate técnico, com 44% das intenções de voto. Nesta mesma pesquisa, Trump estava à frente de Biden com 43% contra 41% – uma diferença que ficou dentro da margem de erro da pesquisa.
“Caos” na campanha republicana
Em entrevista ao portal France Info, a porta-voz dos democratas na França, Amy Porter, diz que a desistência de Biden “gera um caos na campanha republicana”. Ela explica que, até agora, Trump liderava a campanha batendo em uma só tecla, o fato de Biden ser demasiado velho.
“Agora, são os republicanos que se encontram com o candidato mais velho da história dos Estados Unidos”
Amy Porter já constata um entusiasmo maior dos eleitores democratas desde o anúncio de Biden. Nas cinco horas seguintes à renúncia, a campanha democrata levantou U$ 25 milhões em novas doações.
Le Monde vê Kamala Harris em posição de força para conquistar a indicação do partido. Além do apoio de Biden, os concorrentes não estariam interessados em criar divisões internas na campanha. “Inteligente, ela se recusou a considerar sua designação garantida, dizendo que queria ‘merecê-la’”, destaca Le Monde.