O esvaziamento da Cracolândia na rua dos Protestantes, em maio, surpreendeu, mas teve causa pouco divulgada, a descoberta de uma base do PCC na Favela do Moinho. Segundo o Ministério Público de São Paulo, a área era central na logística do tráfico, financiando a facção e abastecendo usuários no centro. A prisão de Léo do Moinho, suposto chefe local, e o início do reassentamento de 900 famílias pelo governo paulista desmontaram parte do esquema. O tráfico recuou, o fluxo se dispersou, mas não acabou. Moradores alegam “criminalização da pobreza”. Para o promotor Lincoln Gakiya (foto/reprodução internet), o fim do tráfico depende da desocupação da favela. O problema, porém, apenas mudou de CEP. A demanda segue firme.
Droga, lucro e disputa de poder
O Ministério Público expôs um ecossistema criminal no centro de São Paulo: tráfico de drogas, receptação de celulares, lavagem de dinheiro e corrupção de agentes públicos. Hotéis e ferros-velhos viraram peças-chave. Um camareiro movimentou quase R$ 1 milhão em seis meses. Léo do Moinho, suposto chefe do tráfico, usava “laranjas” para ocultar negócios. Antenas na Favela do Moinho captavam sinais da PM e davam vantagem ao crime, até a Anatel desmontar o esquema. A urbanização do Moinho abre caminho para a promessa do governador Tarcísio de Freitas e a transferência da sede do governo para os Campos Elíseos. Mas a posse da área é da União.