A ofensiva de Carlos Bolsonaro e seus pais contra o candidato a prefeito de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal, tem como objetivo principal impedir o avanço do empresário e coach sobre o eleitorado bolsonarista e assegurar a presença de Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno das eleições.
Segundo fontes próximas ao ex-presidente, a insatisfação começou em junho, quando Marçal foi recebido em Brasília. Na ocasião, o líder conservador tirou uma foto com o candidato do PRTB, entregando-lhe uma medalha de “imbrochável”.
No entanto, o relacionamento azedou após o empresário afirmar que Carlos Bolsonaro o apoiaria e que ele não votaria no atual prefeito paulistano. “Já temos pré-candidatos, que são o prefeito Ricardo Nunes e o vice, que é o Mello Araújo”, declarou o ex-presidente na época. “Não disse que não apoio o Nunes”.
Apesar disso, Carlos Bolsonaro manteve um tom moderado em relação a Marçal, chegando a elogiar suas qualidades em uma declaração no dia 16 de agosto. No entanto, a situação mudou quando pesquisas, como a da Quaest, mostraram que uma parcela significativa do eleitorado bolsonarista em São Paulo estava inclinada a votar nele, e não em Nunes.
Foi então que os líderes de direita começaram a recolher episódios polêmicos envolvendo Marçal, como uma entrevista ao site de direita Brasil Paralelo, onde criticou Carlos Bolsonaro, chamando-o de “raivoso” e afirmando que ele foi crucial para a vitória de Bolsonaro em 2018, mas determinante para a derrota em 2022.
Para o ex-presidente, essas ações indicavam que o coach tentava se beneficiar do bolsonarismo sem se submeter ao controle da família Bolsonaro, o que foi considerado inaceitável. A partir dessa percepção, ele e seus filhos intensificaram as críticas, acusando Marçal de ter ficado em cima do muro nas eleições de 2022 e de não entender conceitos básicos como a diferença entre comunismo e capitalismo.
Eduardo Bolsonaro, em um vídeo nas redes sociais, chamou o empresário de “arregão” por ter desmarcado uma entrevista com o jornalista Paulo Figueiredo, supostamente para evitar falar sobre o ministro do STF, Alexandre de Moraes. O deputado também mencionou uma reportagem do Estadão que ligava aliados de Marçal no PRTB ao crime organizado.
A troca de farpas continuou quando Bolsonaro reagiu com ironia a uma postagem do candidato do PRTB no Instagram, levando a um embate ainda mais acirrado. Marçal respondeu relembrando seu apoio a Bolsonaro durante a campanha, afirmando que investiu na campanha do ex-presidente e ajudou com influenciadores digitais.
No auge da disputa, Carlos Bolsonaro anunciou que processaria ele por injúria e difamação, mas ao mesmo tempo, deixou aberta a possibilidade de apoiar o coach, caso ele chegue ao segundo turno contra Guilherme Boulos (PSOL).