Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Foto: Estadão Conteúdo

Uma disputa bilionária tem mobilizado nos últimos anos ao menos dez familiares de membros da cúpula do Judiciário do Brasil. O caso envolve gestores financeiros e o dono do Grupo Petrópolis (das cervejas Itaipava e Petra), Walter Faria.

Entre os defensores dos envolvidos estão parentes dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Kassio Nunes Marques. Também participa do processo o filho de Luis Felipe Salomão, vice-presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Todos eles atuam ou atuaram como advogados de um dos lados dos processos que tramitam no STJ, na Justiça do Paraná ou na Justiça Federal em Brasília. As ações ainda podem chegar ao Supremo, o que pode causar impedimentos de magistrados.

A disputa envolve Walter e os empresários Renato Mazzucchelli e Ruy del Gaiso. Os três brigam desde 2019 pelo controle da Imcopa, que atua na produção de derivados de soja e está em recuperação judicial desde 2013.

Walter acusa os demais de terem dado “um golpe”, já que ele teria um acordo com Mazzucchelli, Gaiso e Naede de Almeida, seu ex-braço direito, para que investissem recursos seus na Imcopa. A ideia era que ele se tornaria dono dos créditos da empresa, mas acabou sendo impedido de exercer o direito por meio de uma alteração supostamente fraudulenta em contrato.

Em 2019, ele foi preso pela operação Lava Jato por suspeita de manter uma estrutura de pagamento de propinas e por agir em conluio com a Odebrecht. Os demais empresários negam qualquer manobra e afirmam que Faria é quem tentou modificar termos do acordo.

Walter Faria, dono do Grupo Petrópolis. Foto: Reprodução

A briga judicial tem diversos ramos. No STJ, por exemplo, há a discussão sobre a responsabilidade de cada tribunal para tomar decisões específicas a respeito do imbróglio e da recuperação judicial. No ano passado, o ministro Antonio Carlos Ferreira derrubou determinações do tribunal do Paraná, entendendo que houve uma invasão na competência da Justiça Federal no DF.

A Imcopa atualmente é administrada pelo Grupo Petrópolis, que já obteve decisões favoráveis em Brasília e no Paraná. A família de Gilmar Mendes tem representantes nos dois lados envolvidos na disputa.

Maria Carolina Feitosa Tarelho, enteada do ministro, faz parte da equipe do grupo, enquanto Guiomar Mendes e sua filha Daniele — irmã de Maria Carolina (advogada da Petrópolis) e também enteada do ministro — foram contratadas para compor a equipe de advogados da Crowned, empresa criada em Luxemburgo usada para receber recursos de Faria e investir em créditos da Imcopa.

Guiomar e Daniele trabalham para o escritório Sergio Bermudes, que também conta com Valeska Zanin Martins, esposa de Cristiano Zanin.

O grupo ainda tem como advogados Karine Nunes Marques e Viviane Barci de Moraes, respectivamente irmã de Kassio Nunes Marques e esposa de Alexandre de Moraes, e Luis Felipe Salomão Filho, filho de Luis Felipe Salomão, ministro do STJ.

Maria da Conceição Sabo Mendes e Pedro Anísio Sabo Mendes, filhos do juiz federal Italo Mendes, que foi presidente do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) e primo de Gilmar, passaram a integrar o caso em setembro passado, assumindo a defesa do Petrópolis.

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Last Update: 20/05/2025