
O coronel Antônio Aginaldo de Oliveira, marido da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e secretário de Segurança Pública de Caucaia (CE), pediu afastamento temporário de seu cargo duas semanas antes da deputada anunciar sua saída do Brasil. O afastamento, justificado por “doença de um parente”, foi publicado no Diário Oficial do município em 21 de maio, com previsão inicial de retorno em 30 do mesmo mês.
Após a fuga de sua esposa ser confirmada, a prefeitura de Caucaia informou que Aginaldo solicitou nova licença, agora até 1º de julho, para “acompanhar um familiar em tratamento de saúde”.
O afastamento coincide com a partida da bolsonarista, que na última terça-feira (3) anunciou ter deixado o Brasil após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A deputada afirmou em entrevista à CNN que está nos Estados Unidos e deve se estabelecer na Itália, país onde possui cidadania. “Tenho cidadania italiana e, por este motivo, não seria extraditada para o Brasil”, declarou.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) já solicitou ao STF a prisão preventiva de Zambelli e sua inclusão na lista de procurados da Interpol. A deputada, no entanto, afirmou que pretende retornar ao Brasil para concluir seu mandato, citando questões emocionais como parte das motivações para sua viagem.

O marido da deputada também teve passagem pelo governo federal, quando comandou a Força Nacional de Segurança Pública durante três anos no governo de Jair Bolsonaro (PL). Em 2024, concorreu à prefeitura de Caucaia, mas ficou em último lugar, com apenas 12,26% dos votos.
A condenação de Zambelli pelo STF, em maio, incluiu pena de 10 anos de prisão em regime inicialmente fechado, perda do mandato parlamentar, que ainda precisa ser formalizada pela Câmara dos Deputados, e inelegibilidade. A deputada também foi condenada ao pagamento de R$ 2 milhões por danos morais coletivos.
Além do caso do CNJ, Zambelli responde a outro inquérito no Supremo, acusada de porte ilegal de arma e constrangimento ilegal. O processo refere-se a um episódio ocorrido durante as eleições de 2022, quando a deputada perseguiu o jornalista Luan Araújo em São Paulo com uma arma em punho.