A derrota social-democrata e o avanço da extrema-direita na Alemanha

O Partido Social-Democrata (SPD) sofreu uma derrota considerável nas eleições gerais da Alemanha, em um sinal de claro descontentamento da população com a economia e as posições ambíguas sobre a imigração no governo de Olaf Scholz.

Na visão de Bartosz M. Rydliński, professor-assistente em ciências políticas da Cardinal Stefan Wyszyński University, na Polônia, o SPD atual “é uma sombra do que já foi”: na eleição deste final de semana, o partido foi superado pela União Democrata-Cristã/União Social-Cristã (CDU/CSU) e até mesmo pela sigla de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

Em artigo publicado no site Project Syndicate, Rydliński explica que o SPD perdeu espaço junto ao eleitorado desde as reformas neoliberais realizadas na década de 2000, e fatores como a economia em queda, aumento do desemprego, e a resposta discreta à guerra na Ucrânia levaram a uma visão de liderança enfraquecida.

Outro ponto que o governo de Scholz e seu partido não apresentaram uma resposta satisfatória engloba a imigração: pesquisa ARD-DeutschlandTREND do Infratest dimap mostra que 37% dos alemães consideram a imigração o problema mais importante do país – uma questão na qual o SPD tem sido “ambíguo e indeciso”, segundo o articulista.

Vale lembrar que o SPD apoiou a “política de portas abertas” implementada no governo de Angela Merkel em 2015, quando o país recebeu mais de um milhão de solicitantes de asilo da Síria, Afeganistão e outros países do Oriente Médio e Norte da África.

Porém, Scholz defendeu a deportação de “criminosos graves” para a Síria e o Afeganistão após ataques terroristas – uma abordagem vista como “confusa” e que ajudou a fortalecer o discurso da extrema-direita sobre a “ameaça muçulmana”.

Para o articulista, o resultado do SPD lembra a derrota do Partido Democrata na eleição dos Estados Unidos. Em ambos os casos, os partidos “falharam em formular uma resposta eficaz às preocupações com a migração, em conquistar eleitores da classe trabalhadora e em adotar grandes reformas econômicas progressistas” e, enquanto essa questão não for abordada, ela será aproveitada pela extrema-direita.

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