O cientista político André Singer, professor titular do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), afirmou que o mundo atravessa um período de ameaça à democracia devido a pressões econômicas. Ele acredita que os países enfrentam, atualmente, uma “velha luta de classes”.
“Nós estamos passando por um momento em que a democracia está visivelmente ameaçada. Na minha opinião, não é um fenômeno passageiro, mas algo duradouro”, declarou Singer em entrevista ao jornalista Juca Kfouri no canal Voz Trabalhadora.
Como exemplo, ele mencionou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, destacando que o democrata não conseguiu melhorar as condições de vida da população a ponto de consolidar um sucessor na Casa Branca. Para Singer, outros líderes, como o presidente Lula no Brasil, enfrentam desafios semelhantes.
“Esse é o conflito central, que não ocorre apenas no Brasil, mas em escala global. Os governos democráticos têm dificuldade em responder às pressões exercidas pelo capital”, explicou. Segundo o cientista político, os mercados parecem “vender pessimismo” e “apostar contra” políticas voltadas à redução das desigualdades.
Para Singer, a comunicação do governo Lula não é o principal problema, embora possa ser aprimorada. “É importante que o presidente dialogue com veículos alternativos, mas ele governa para todos. Não se pode ignorar os grandes veículos nem deixar de dialogar com eles”, afirmou.
Singer também avalia que a polarização “faz parte” da democracia, mas alerta para a parcela da população com “inclinação antidemocrática”. “Há um bolsonarismo que tenta adotar uma aparência moderada como estratégia para conquistar votos e governar. No entanto, sua base permanece vinculada a setores que defendem visões autoritárias”, concluiu.
Veja a entrevista:
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