
Demissões são parte do normal das redações. Mas há algumas demissões que expõem de forma implacável os veículos. É o caso da comentarista Daniela Lima, da Globonews. Basta ir ao seu Instagram e avaliar os comentários postados por seus colegas de trabalho e por jornalistas em geral.
Daniela juntou duas qualidades de difícil conciliação na profissão: a competência profissional e a lealdade para com seus colegas.
Nos seus tempos de CNN, a maneira como distribuía elogios a colegas me deixava com um pé atrás: era sinal de colegialidade, ou jogo de cena para o público? Depois, à medida que acompanhava sua carreira, via-se uma pessoa íntegra, uma unanimidade entre os colegas próximos.
Por tudo isso, sua demissão é um desastre tão ostensivo quanto a reportagem do Jornal Nacional sobre a pesquisa tendenciosa da Transparência Internacional atribuindo a Lula o suposto aumento da percepção de corrupção.
Não há justificativa jornalística, não há justificativa de colegialidade. Um veículo só abre mão de seu (sua) comentarista mais brilhante por uma razão: por realinhamento editorial. E se Daniela representava uma luz de racionalidade, do exercício corajoso do jornalismo, sua saída sinalizava o oposto: a volta da mesmíssima crítica em relação a qualquer veleidade de projeto nacional.
O que a Globonews coloca claramente é o realinhamento editorial com vistas às próximas eleições.
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