Uma transformação significativa está ocorrendo no cenário político internacional, que se reflete de forma mais clara na situação doméstica na França.
Depois de uma vitória esmagadora da extrema direita francesa nas eleições para o parlamento europeu, o primeiro turno das eleições parlamentares na França foi marcado por uma vitória avassaladora da extrema direita.
A decisão do presidente Emmanuel Macron de dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas se revelou não apenas arriscada, mas também desesperada para tentar mudar o curso da ascensão da extrema direita.
Além disso, a participação no pleito foi de 65% do eleitorado francês, um aumento significativo em relação às 47,5% em 2022, demonstrando o tamanho do descontentamento da população com a atual situação política do país.
Neste primeiro turno, a coligação chefiada pelo partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional, liderada por Marine Le Pen, alcançou 33,15% dos votos, enquanto a Nova Frente Popular, coligação da esquerda, obteve 28,14%.
A esquerda conseguiu aumentar seus votos ao se distanciar parcialmente dos neoliberais macronistas. No entanto, a tendência é que a esquerda e os neoliberais macronistas tentem manobrar para isolarem a extrema direita.
A tendência política aponta para uma possível vitória da extrema direita no segundo turno, o que abriria o precedente para que esta indique o primeiro-ministro e forme o governo, levando a um engessamento de Macron em questões internas.
A esquerda, ao se alinhar com os neoliberais, entrará em conflito com os interesses populares demonstrados nas urnas e não será capaz de desagregar setores populares que se agrupam na extrema-direita devido à falta de uma alternativa política verdadeiramente anti-sistema.
Essa situação levará não apenas a um aprofundamento da impopularidade dos macronistas, mas fundamentalmente a uma falência da esquerda. Se a esquerda quiser ser uma verdadeira alternativa para a população, precisa compreender os interesses materiais dessa última, que se torna cada vez mais claro que está ligado à oposição ao regime político francês.
