
Por Agatha Azevedo,
Da Página do MST
Entre os dias 12 e 14 de dezembro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra realiza o 34° Encontro Estadual em Minas Gerais, com a participação de 300 pessoas das oito regionais do MST no estado.
A manhã do primeiro dia foi marcada pela análise de conjuntura, que debateu o modo de produção capitalista como o principal responsável pela crise sistêmica que enfrentamos. Segundo Renata Menezes, da Direção Nacional do MST, o maior inimigo do povo brasileiro hoje é o agronegócio. “No Brasil, a responsabilidade da crise é do agronegócio, que explora nossos rios, comete crimes e sai impune. O agronegócio, como parte dessa crise, vai avançando sobre os nossos bens da natureza, desmatando, desfazendo nossas organizações do povo, expandindo a fronteira agricultura e fazendo queimadas.”, afirma.

Para Renata, o papel do MST é denunciar esse modelo e anunciar um projeto coletivo de sociedade, em um momento em que existem disputas políticas em torno do poder em curso.
Nesse sentido, a crise ataca diretamente a luta do MST dentro da luta institucional e da reforma agrária clássica.
“A hegemonia do agronegócio nos exigiu colocar a Reforma Agrária Popular em ação e como força política na sociedade, pois é preciso combater as formas individuais de solução do conflito agrário, a criminalização dos movimentos sociais e as saídas individuais para as crises que vivemos”, afirma Nei Zavascki, da Direção Nacional do movimento.
No debate, apontou-se que o desafio da classe trabalhadora como um todo é avançar para uma organização coletiva em torno da vida, combatendo o individualismo e trazendo para o centro da discussão o bem comum.

Zavascki afirma que a característica da época atual passa por combater a hegemonia do capitalismo, da globalização e do neoliberalismo a partir de suas contradições. “Esse momento de hegemonia absoluta do capitalismo estadunidense já não é mais a realidade, pois temos três elementos: a mudança do poder no mundo, da geopolítica, com surgimento de novos polos de poder (Rússia e China); a revolução tecnológica atual que altera a lógica de vida e trabalho e, por consequência, a mudança cognitiva (forma de pensar) a partir da revolução tecnológica; e por último, a crise estrutural do sistema capitalista, e uma das principais é a crise ambiental”, explica o dirigente.
Para a direção do MST, a tarefa de defender nossos bens comuns da natureza é a tarefa que vai nos permitir proteger nossos territórios e avançar na reforma agrária popular.
O caminho: ações coletivas concretas
A mesa de debate apontou que o tempo histórico de mudança de épocas convoca toda a militância a reinventar as formas de construir a luta. Nesse caminho de construção, destacam-se o Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, as cozinhas solidárias a produção e doação de alimentos saudáveis, a partir da síntese de ocupar terras para o Brasil alimentar.

Para Nei Zavascki, toda a construção do MST caminha no sentido de construir um projeto de sociedade livre de exploração, forjada pela classe trabalhadora. Para isso, é preciso se movimentar diante da realidade.
*Editado por Erica Vanzin