Nas últimas semanas, a política europeia tem sido marcada por uma turbulência significativa, com dias de grande agitação política nos principais países do continente.

Recentemente, o Reino Unido e a França, dois dos principais países da Europa, foram palco de uma manobra política que reflete o processo político turbulento que a Europa vem vivenciando há anos.

Os dois países passaram por dissolução do parlamento e processos eleitorais para redefinir a composição de seus respectivos legislativos e governos.

A situação política insustentável econômica para as grandes massas, que veem o Estado de bem-estar-social se desintegrar e a estagnação/recessão tornar-se a regra, é um elemento fundamental da crise política europeia.

A disparada inflacionária dos últimos anos, que em vários lugares bateu recorde nos últimos 40 anos, veio ter uma relativa mudança por agora. Mas à qual preço? Taxas básicas de juros elevadíssimas, desempenho do PIB estagnado e/ou em recessão, sobre tudo, nos principais países imperialistas europeus.

O esmagamento das condições de sobrevivência da população tem gerado um processo de descontentamento com o regime político estabelecido nos países do continente europeu, causando a sua contínua desagregação.

A burguesia neoliberal dos países europeus tem procurado manobrar politicamente para manter o controle do poder político e a renovação dos parlamentos e dos governos, do Reino Unido e da França, nos dão tal demonstração.

A esquerda europeia, que foi vitoriosa nos processos eleitorais do Reino Unido e da França, é impressionante o quão rasas são essas avaliações por parte da esquerda, pois da burguesia já é de se esperar que a mesma vai mistificar os fatos e propagandear em favor de suas posições.

No Reino Unido, o Partido Trabalhista foi dominado por sua ala direita e pró-imperialista através de um expurgo onde vários dirigentes vinculados à ala esquerda foram expulsos, incluindo entre eles Jeremy Corbyn. O atual primeiro-ministro, Keir Starmer, é um sionista e apoiador da Ucrânia no conflito com a Rússia, alinhado aos interesses do sistema financeiro internacional.

Já na França, as coisas caminham para um golpe contra a esquerda, que apesar de ter obtido a maior votação no pleito, ao que tudo indica não escolherá o primeiro-ministro, pois não tem maioria de assentos, obrigando-os a ter de chegar novamente a um acordo com os macronistas em detrimento da extrema-direita.

As manobras políticas na França e no Reino Unido deram sobrevida para os neoliberais donos dos regimes políticos dos países europeus, e dessa vez sob a maquiagem de esquerdistas. Esse processo da esquerda de se acoplar aos neoliberais, apenas contribuirá para que essa alcance o mais rápido possível um alto grau de impopularidade e permitirá que o caminho fique cada vez mais aberto para extrema-direita, acelerando um processo já em curso em que essa última se transformará em força política hegemônica no continente.

Essa situação é de se esperar e também que o conjunto da burguesia imperialista se desloque para extrema-direita, pois o seu programa político com os neoliberais atualmente somente fornece para a população a destruição das condições econômicas de sua sobrevivência e lhes oferta aventuras belicistas internacionais. A esquerda, ao se agrupar nesse bloco político do imperialismo dito “democrático”, não se torna em uma opção efetiva para a população, mas sim em uma ferramenta de manutenção do esmagamento desta última. Deixando assim um espaço político para que a extrema-direita faça demagogia e se torne uma opção de salvação do sistema capitalista, porém com um regime político modificado, adequado para um intenso ataque repressivo aos trabalhadores.

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Última Atualização: 19/08/2024