A direção do Sindicato dos Bancários de Brasília, seguindo a orientação da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT/DF), à qual o sindicato é filiado, está convocando o ato do Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras (08/03), cujo chamamento é para uma atividade com temática carnavalesca e, pior, com pautas cujo conteúdo é quase exclusivamente da política identitária (“contra o machismo, o racismo e o fascismo”), pauta essa, inclusive, que é parte da política dos países imperialistas.

Apesar da crescente radicalização do movimento dos trabalhadores internacionalmente e do enorme crescimento das mobilizações, os atos do Dia 08 de Março, nos últimos anos, têm sido marcados, no Brasil, por mobilizações fracas.

A explicação dessa contradição é simples e deve ser encontrada na política das direções cutistas. Os atos do Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras são convocados sem nenhuma perspectiva de luta, sem nenhuma proposta de unificação das lutas que estão ocorrendo e têm sido comemorados festivamente, como se pode ver com o atual chamamento do “carnaval feminista”.

Essa orientação é o complemento natural, no caso da categoria bancária, da quebra da greve e da ausência de uma verdadeira campanha salarial da categoria, que se deu em setembro do ano passado.

Em vez de fazer do Ato das Mulheres um momento de preparação de uma enorme mobilização dos trabalhadores, de organização e mobilização de uma pauta mais geral da classe trabalhadora e das reivindicações dos direitos das mulheres operárias — suas condições de trabalho, salário igual para funções iguais, creches, licença-maternidade e, sobretudo, sua participação ativa na luta pelo socialismo —, a direção cutista limita-se a atos de espetáculo festivo, identitário e eleitoral.

Dizer que se perde mais uma oportunidade seria encobrir a política capituladora dessas direções. A direção da CUT tem atuado como um freio à expansão e unificação das lutas e se negado sistematicamente a colocar qualquer perspectiva de combate real para o movimento operário.

Tanto mais grave é essa conduta quando o governo Lula (que se encontra totalmente fragilizado devido à política da ala mais direitista do PT de Frente Ampla), a burguesia e o imperialismo preparam um novo e ainda mais brutal ataque às condições de vida das massas por meio dos “ajustes na economia”.

A negativa de organizar a luta e apontar uma perspectiva de combate para os trabalhadores neste momento, procurando atrelar o movimento operário à proposta burguesa imperialista, é oferecer à burguesia as melhores condições para passar como um trator sobre a cabeça da classe trabalhadora.

Os setores classistas da Corrente Sindical Nacional Causa Operária, que estão na CUT, conjuntamente com o Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo, realizarão um ato próprio e independente na Praça do Patriarca, em São Paulo, no sentido de organizar uma verdadeira luta das mulheres, que deve estar vinculada à luta contra a exploração capitalista e à organização independente da classe trabalhadora. Trata-se de um avanço, pois se trata de uma diferenciação clara com a política capituladora das direções majoritárias dentro da Central Sindical.

O Ato Independente do dia 08 de Março deve ser, acima de tudo, um chamado para a necessidade de romper com a paralisia da direção da CUT.

Aproximam-se grandes desafios para o movimento operário, e torna-se urgente e necessário discutir a elaboração de um plano de lutas e a organização de gigantescas mobilizações sobre a base de um claro programa operário e anti-imperialista, que se contraponha à política que está sendo gestada pelo Estado burguês impulsionado pelo imperialismo.

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Last Update: 08/03/2025