O senso de oportunidade recomendaria dedicar este artigo ao comentário das medidas do plano Brasil Soberano constantes na Medida Provisória nº1.309. Afinal, o instrumento garantirá apoio vigoroso do governo Lula ao setor exportador, severa e injustamente afetados pelo tarifaço de Trump sobre Brasil, demandado pelo clã Bolsonaro. Graças aos incentivos previstos na MP, no Pará, por exemplo, os setores do pescado, madeira e do açaí, disporão de tempo confortável para o reposicionamento de suas atividades, e assim preservando-as, e aos empregos por elas geradas.

O tema tem sido objeto de exploração intensiva pela imprensa; daí a opção por comentar aspecto importante da COP 30. O evento se aproxima e deveríamos estar focados para o seu êxito temático que é determinante do futuro do planeta.

Sobretudo, deveríamos estar atuando para que a totalidade dos países que chancelaram o Acordo de Paris, apresentassem a indispensável revisão, para maior, das respectivas metas de emissão. Somente 27 países o fizeram. Da mesma forma, continuamos a “anos-luz” do montante dos recursos necessários para o financiamento climático.

Com essas perigosas lacunas, o debate sobre o evento tem se mantido centrado nos déficits logísticos de Belém e, em particular, na exorbitância dos preços da hospedagem. Claro que esses aspectos são relevantes, e já deveriam ter sido sanados até para não inviabilizar a participação dos representantes dos países mais pobres o que seria erosivo da legitimidade da própria COP.

Várias autoridades, incluindo o governador do estado, têm assegurado publicamente que Belém já dispõe de mais de 53 mil leitos. Sendo assim, o que estaria inflando os preços para níveis extraordinários na rede hoteleira e nos imóveis ofertados na cidade? Seriam movimentos especulativos?

No geral,especulação prospera em situações de escassez, ou de controle oligopólico de mercado que permita práticas cartelizadas. Havendo oferta suficiente de vagas, e não sendo realista o controle oligopólico do setor imobiliário em Belém, restaria a hipótese de estarmos em realidade que transcende a experiência sensível? É certo que não, mas o tema se arrasta sem solução se impondo sobre as questões essenciais da Cúpula.

Os preços atípicos da hospedagem nos levam a temer pela contaminação dos preços em geral na nossa cidade. Claro que uma população flutuante de 50 mil pessoas em uma cidade do porte de Belém repercutirá em algum grau nos preços de determinados bens e serviços. Mas um bom planejamento seria capaz de evitar ou mitigar tais repercussões. Também é óbvio que apenas durante o evento, ou próximo, poderemos sentir o tamanho desses efeitos. Felizmente, até o momento não há indícios do fenômeno de dispersão dos preços em Belém.

No plano nacional, mais uma vez desmoralizando as projeções das pitonisas do mercado, a taxa do IPCA, em julho, de 0.26%, ficou abaixo dos 0.37% previso por esses “especialistas”. Pelo segundo mês consecutivo, de forma inusitada, a inflação da alimentação no domicílio ficou abaixo do índice geral. Ainda em julho, a R.M de Belém teve inflação geral e da alimentação no domicílio, em valores negativos (-0.04% e -0.9%). No entanto, produtos e serviços específicos apresentam preços evoluindo em progressão. Por exemplo, a inflação acumulada do café, de janeiro a julho, em Belém, foi mais de 12 vezes maior que a inflação geral no período.

Aluguel de veículo tende a ser um grande desafio pela alta procura durante a COP. No acumulado até julho, os preços aumentaram 22.2% em Belém. O nosso precioso açaí teve incremento de preços de 17.5%. Até o caranguejo resolveu andar pra frente com preços crescendo 20% até julho. Estamos seguros que os organizadores nacionais da COP 30 estão atentos especialmente para o abastecimento alimentar durante o evento. Para o Brasil e, mais ainda para o Pará, interessa que a COP 30 entre para a história como o evento que salvou o planeta; e não como a mais cara de todas as cúpulas do clima.

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Last Update: 18/08/2025